C6 Fest estreia com plateia dispersa e bons shows de Samara Joy, Jon Baptiste e Caetano Veloso

22 maio 2023
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Kraftwerk, Weyes Blood, Arlos Parks e The War on Drugs também se apresentaram no evento que teve sua primeira edição neste fim semana, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Caetano Velsoso se apresenta no C6 Fest em São Paulo

Divulgação C6/Fest

Herdeiro do Tim Festival e do Free Jazz, o C6 Fest teve sua primeira edição neste fim semana, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. No meio da semana, o Rio recebeu uma versão compacta do mesmo evento.

Assim como os dois festivais também desenvolvidos pela Dueto Produções, o novo evento manteve o DNA:

plateia dispersa e falante;

programação com nomes internacionais interessantes, mas que ainda não estouraram de vez;

medalhões brasileiros;

atrações do jazz;

formato em que há vários mini festivais dentro de um mega festival (os ingressos para cada palco custavam a partir de R$ 370 e o combo para ver tudo nos três dias a partir de R$ 1.750).

Samara Joy

Samara Joy, cantora americana que venceu Anitta como artista revelação do Grammy 2023, segurou na garganta a atenção do público. Ao longo de 12 músicas, a artista de 23 anos brincou com a voz numa montanha russa, sem nunca perder o controle.

Acompanhada de piano, baixo e bateria, incluiu no setlist as brasileiras "Chega de Saudade", de João Gilberto, e "Flor de Lis", de Djavan, ambas cantadas em português simpático. Também apresentou músicas do álbum "Linger Awhile", lançado em 2022, e versões de clássicos do jazz, como "This Is the Moment", de Betty Grable. "Stardust", gravada originalmente por Bing Crosby e recuperada no álbum de estreia de Samara, de 2021, teve performance hipnotizante, com a cantora voando dos sussurros aos mais arriscados malabarismos vocais num trecho à capela.

FOTOS: Veja mais imagens do C6 Fest

PERFIL: Quem é a cantora Weyes Blood?

"Essa música descreve como eu venho me sentindo desde o Grammy", disse, antes da faixa de abertura de seu disco mais recente, "Can't Get Out of This Mood" (não consigo sair desse estado de espírito, na tradução para o português), também gravada por Nina Simone.

Premiada principalmente pelo que é capaz de fazer com a voz, Samara chegou a sofrer ataques de fãs de Anitta nas redes sociais depois de ser anunciada vencedora do Grammy. Na vida real, foi aplaudida de pé por um Auditório Ibirapuera lotado.

Arlo Parks se apresenta no C6 Fest em São Paulo

Divulgação C6/Fest

Na sexta-feira, a tenda do festival recebeu o menor e mais disperso público de todo o evento. Arlo Parks tentou ser notada pela plateia tagarela por meio de seus vocais que vão do suave ao áspero em questão de segundos.

Amparada por tecladista, guitarrista, baixista e baterista, a cantora britânica de 22 anos andou pelo palco trajando uma camisa preta do Bob Dylan e bermuda também preta com bolsos que caberiam o box com a discografia completa de Bob Dylan. A trilha sonora indie folk foi recebida com aplausos entre as músicas.

Na sequência, veio Christine and the Queens, capitaneado pelo cantor francês Chris. Ele tem a companhia de um trio espremido em uma plataforma no canto direito do palco: um baterista e dois músicos com teclados, guitarra e sintetizadores. Juntos, produzem um som que começa embolado, estourado além da conta, mas depois se acerta.

Entre as músicas cantadas em inglês e francês, Chris fala e gesticula bastante. A roupa preta colada, com uma luva de couro em uma das mãos, ganha um sobretudo com asas de anjo no meio e no final do show. É a única troca de figurino mais notável. De resto, o setlist tem onze músicas (doze, se for contada uma cover curtinha de "Under The Bridge", do Red Hot Chili Peppers) e o cantor se segura com voz potente e performance teatral.

Christine and the Queens se apresenta no C6 Fest em São Paulo

Divulgação C6/Fest

O sábado teve dois dos melhores shows do evento: Jon Baptiste e Kraftwerk. Baptiste é um músico de jazz e R&B de 36 anos ficou conhecido nos EUA na banda do talk show de Stephen Colbert e por colecionar prêmios: já ganhou Oscar, Globo de Ouro, Bafta e cinco Grammys.

Ao vivo, ele e 14 músicos no palco, todos de branco, com três dançarinas super efusivas. A falação da plateia, como na noite anterior, atrapalhou um pouco a performance. O barulho foi notado principalmente na parte que ele fica sozinho ao piano, quando toca "It's Alright (Why You Gotta)", da trilha de "Soul", animação da Pixar, e vários trechos instrumentais de músicas de outros artistas.

No fim do show, Baptiste voltou a receber a pernambucana Lia de Itamaracá. A cantora de 79 anos e a banda do músico americano emendaram quatro músicas: "Janaína", "Meu São Jorge", "Ciranda sem fim" e "Quem me deu foi Lia".

Kraftwerk se apresenta no C6 Fest em São Paulo

Divulgação C6/Fest

Na área externa do auditório, o grupo alemão Kraftwerk fez um show que pareceu uma aula de música eletrônica, com projeções vintage nos telões e trajes que mudavam de cor durante todo o show.

A formação atual tem apenas um remanescente do início da banda, em 1970. Ralf Hütter, aos 76 anos, é o anfitrião de uma espécie de palestra com lições de como o computador começou a dominar a música pop. No geral, o público mais contemplou do que dançou em músicas como "Computer Love" e "The Robots".

Além de Samara Joy, o domingo de festival teve bons shows brasileiros, com direito a música repetida na área externa do auditório: em seus shows, tanto Caetano Veloso quanto Tim Bernardes cantaram "Baby", música do cantor baiano também conhecida nas vozes das saudosas Rita Lee e Gal Costa.

Caetano fez um show com músicas do disco "Meu Coco", de 2021, mas cheio de concessões. Rolaram "Sozinho", "Sampa" e "Odara" no final. Ele falou pouco durante o show. A plateia, surpreendentemente, também.

Caetano Veloso se apresenta no C6 Fest em São Paulo

Divulgação C6/Fest

Na tenda, com o maior público do espaço nesta primeira edição, a americana Weyes Blood mostrou ao vivo seu pop intenso e experimental. Ao vivo, a voz da cantora é mais grave e toda performance parece ainda mais inspirada pelo "cristianismo new age", nas palavras dela. Antes do show, ela falou ao g1 sobre suas inspirações e sobre como foi influenciada por uma criação bastante religiosa.

Logo depois, a banda americana The War on Drugs mostrou seu indie rock psicodélico. O som é impecável ao vivo, com performance que parece a que se ouve nas versões de estúdio. Há até um saxofonista lá no fundo do palco, tentando sobressair em meio à massaroca produzida por sete músicos. Às vezes, eram três pessoas tocando guitarras ao mesmo tempo e nada parecia estar sobrando ali.


FONTE: G1 Globo


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