Escola de Miami restringe acesso a poema lido na posse de Biden
Uma escola de Miami, nos Estados Unidos, vetou para os seus alunos mais novos o poema que a autora Amanda Gorman leu durante a posse de Joe Biden em 2021 - confirmou, nesta quarta-feira (24), uma associação que luta contra a proibição de livros nas escolas.
A Escola Bob Graham tomou essa decisão após uma reclamação apresentada pela mãe de dois alunos. No final de março, a mulher em questão, Daily Salinas, solicitou a retirada de cinco obras da biblioteca da escola, alegando que doutrinavam os alunos, segundo documentos obtidos pela associação Florida Freedom to Read Project e compartilhados com a AFP.
Entre esses livros estava o poema "The Hill We Climb" ("A colina que escalamos", em tradução livre), lido por Amanda durante a posse do democrata Biden, em janeiro de 2021.
Seus versos, um apelo à unidade e à esperança em um contexto de polarização nos Estados Unidos, foram removidos da biblioteca para os alunos do ensino fundamental e colocados na seção para alunos de 11 anos ou mais, após uma revisão de um comitê da escola Bob Graham, que não explicou os motivos da mudança.
Gorman, a primeira pessoa a receber o Prêmio Nacional de Poeta Juvenil da América, ficou "muito desapontada" com a decisão.
"Escrevi 'The Hill We Climb' para que todos os jovens pudessem se ver em um momento histórico", lembrou ela, em uma mensagem no Twitter.
"Privar as crianças da oportunidade de encontrar sua voz na literatura é uma violação de seu direito ao livre-pensamento e à liberdade de expressão", acrescentou.
Em sua decisão por escrito, o comitê escolar reconheceu o valor educacional do poema por seu "significado histórico", já que Gorman, então com 22 anos, foi "a poetisa mais jovem da história americana a ler em uma posse presidencial".
A notícia chega uma semana depois de a organização pela liberdade de expressão PEN America, a Penguin Random House e vários autores processarem um distrito escolar do noroeste da Flórida por remover ou restringir o acesso a certos livros.
A proibição de centenas de livros nas escolas americanas aumentou nos últimos meses como parte de uma batalha cultural travada pelos setores mais conservadores da sociedade contra a ideologia progressista, também conhecida como "woke".
FONTE: Estado de Minas