Polícia da Nicarágua detém sacerdote investigado por atos contra ‘a nação’
A polícia da Nicarágua informou, nesta quinta-feira (25), que deteve um sacerdote em "atitude suspeita" em uma rodovia do norte do país e disse que o investiga por atos contra "a independência, a soberania e a autodeterminação da nação".
O sacerdote detido, Jaime Iván Montesinos Sauceda, de 61 anos, é pároco da igreja "Juan Pablo Segundo" de Sébaco, no departamento (estado) de Matagalpa, uma diocese que foi administrada até o ano passado pelo bispo Rolando Álvarez.
Em fevereiro, um tribunal condenou o bispo Álvarez a 26 anos de prisão, um dia depois de ele ter se recusado a ir para os Estados Unidos com outros 222 opositores libertados e expulsos do país pelo governo de Daniel Ortega.
Segundo um comunicado publicado na imprensa oficial, o homem "estava em atitude suspeita, em estado de embriaguez e na companhia de uma jovem" em uma caminhonete estacionada na estrada do departamento vizinho de Boaco. Os fatos teriam ocorrido na terça-feira.
"A Polícia Nacional investiga o sacerdote Jaime Iván Montesinos Sauceda por cometer atos que prejudicam a independência, a soberania e a autodeterminação da nação", segundo a lei 1055, acrescenta a nota, sem dar mais detalhes.
A diocese de Estelí, também no norte do país, informou esta semana que, por medida policial, outros dois sacerdotes estavam em uma residência religiosa em Manágua, "enquanto transcorre a investigação sobre temas administrativos da extinta Caritas Diocesana", fechada em 2022.
A Nicarágua endureceu suas leis e controles a opositores, após os protestos de 2018 contra o governo de Ortega, no poder desde 2007 e reeleito sucessivamente em eleições contestadas pela oposição.
Organizações internacionais têm denunciado o governo de Ortega por suas ações contra os opositores, entre as quais estão as práticas de expatriação, destituição da nacionalidade de seus dirigentes, impedir a entrada de críticos e tornar proscritas milhares de organizações privadas e religiosas.
Os Estados Unidos e a União Europeia mantêm sanções contra o governo da Nicarágua.
Os protestos de 2018 se estenderam por pelo menos três meses em diferentes regiões da Nicarágua, com o bloqueio de rodovias, além de confrontos entre manifestantes da situação e da oposição que deixaram mais de 300 mortos, segundo a ONU.
O governo considerou os protestos uma tentativa de golpe de Estado promovida pelos Estados Unidos, enquanto organismos internacionais acusaram o governo de promover uma repressão contra a oposição.
FONTE: Estado de Minas