MP do Suriname volta a exigir 20 anos de prisão para ex-ditador
O Ministério Público (MP) do Suriname voltou a exigir, nesta terça-feira (30), a sentença de 20 anos de prisão para o ex-presidente Desi Bouterse, julgado em segunda instância pelo assassinato de 15 opositores em 1982, baseado na "violência" e "atrocidade" dos crimes cometidos.
No entanto, o ex-ditador estava tranquilo ao sair da audiência e brincou diante da imprensa: "Se me prenderem vou dizer a eles: 'não se esqueçam de que eu fumo Morello (marca de cigarro), me tragam bastante'".
Entretanto, a procuradora-geral interina, Astrid Niamat, pediu a ratificação da pena de 20 anos. "Dado o planejamento, a violência particular e a atrocidade (...) dos assassinatos de 15 vítimas, há todos os motivos para pronunciar esta sentença", afirmou.
"É preciso fazer justiça (...) O acusado assassinou as 15 vítimas com extrema violência. Pôs fim à vida de 15 jovens", insistiu, considerando que Bouterse não "expressou arrependimento", nem "quis assumir a responsabilidade por seus atos, inclusive a responsabilidade política".
Questionado sobre a possibilidade de ser preso, Bouterse respondeu: "Vimos tantas coisas nos últimos dias que eram impossíveis, mas se tornaram possíveis. Então, por que não?"
"Eles (os procuradores) dão sua própria opinião e não entendem como esse caso aconteceu e tentam apresentá-lo de uma maneira diferente da real", defendeu-se Bouterse, 77 anos.
No final de março, seu advogado havia pedido sua absolvição, considerando que seria "sábio e um ato de patriotismo encerrar" o julgamento contra o ex-ditador, que sempre negou sua participação nos assassinatos de 15 opositores.
No início de janeiro, Bouterse admitiu ter ouvido tiros no dia dos crimes, mas negou ter dado ordem para executá-los, garantindo que planejava expulsá-los, acusando-os de preparar um contragolpe com a ajuda da CIA.
Bouterse foi condenado em 2019 a 20 anos de prisão pelos assassinatos de advogados, jornalistas e empresários em dezembro de 1982, dois anos depois de tomar o poder após um golpe.
Ele permaneceu em liberdade após sua condenação em primeira instância, pois a lei local prevê a prisão somente depois que todos os recursos legais forem esgotados.
Após audiência no final de julho para a apresentação das alegações da defesa, o tribunal deve emitir sua decisão no segundo semestre. Autor de dois golpes, Bouterse foi eleito presidente do Suriname em 2010. Ele deixou o cargo em 2020.
A Interpol emitiu um mandado de prisão contra Bouterse depois que ele foi condenado a 11 anos de prisão em 1999 na Holanda por tráfico de cocaína. Sua condição de autoridade, no entanto, o protegeu da extradição.
FONTE: Estado de Minas