Finlândia terá governo conservador com a extrema direita
O líder conservador Petteri Orpo anunciou nesta quinta-feira (15) que governará a Finlândia em coalizão com a extrema direita, após um período tumultuado de negociações que se seguiram às eleições legislativas de abril.
Orpo, à frente da Coalizão Nacional de centro-direita, formou uma coalizão com o Partido dos Finlandeses, de extrema direita, que ficou em segundo lugar nas eleições legislativas, e outras duas formações de direita. Os quatro aliados têm 108 das 200 cadeiras do Parlamento.
"Estou orgulhoso do bom programa e do resultado das negociações. Encontramos respostas para todas as perguntas", disse Orpo em coletiva de imprensa em Helsinque, na presença dos líderes dos outros três partidos com os quais formará o governo.
As negociações, que começaram em 2 de maio e geralmente duram um mês, foram mais longas desta vez, devido a divergências entre os partidos, especialmente em questões de política climática, imigração e ajuda ao desenvolvimento. "Tivemos discordâncias em alguns pontos e tenho certeza de que ainda temos, mas o que nos une é o desejo de colocar ordem na Finlândia", enfatizou Orpo.
Não é a primeira vez que uma aliança deste tipo assume o poder no país nórdico. A direita já governou com o Partido dos Finlandeses, anteriormente conhecido como Verdadeiros Finlandeses, entre 2015 e 2017, quando ocorreu uma divisão dentro da formação eurocética, resultando em uma postura mais rígida.
Na Finlândia, os parceiros de uma coalizão costumam ocupar cargos ministeriais, e o segundo partido mais importante geralmente assume a pasta das Finanças.
- 'Imprevisível' -
Orpo, cuja principal promessa eleitoral era um plano econômico para economizar 6 bilhões de euros (R$ 31,6 bilhões), afirmou que apresentará seu programa nesta sexta-feira. "A Finlândia está em uma situação muito difícil. Tivemos que buscar economias em todos os lugares", explicou.
Mas governar com a extrema direita pode se tornar "imprevisível", indicou Mikko Majander, cientista político do centro de reflexão Magma, à AFP. A base eleitoral do partido de extrema direita, que obteve um recorde de 20,1% dos votos nas eleições legislativas de abril, não vê com bons olhos a austeridade prometida pelo futuro primeiro-ministro.
Majander também prevê divergências em questões europeias, uma vez que "o Partido dos Finlandeses tem uma postura mais dura do que a Coalizão Nacional pró-europeia", disse à AFP.
No começo de abril, esse partido anunciou que se uniria ao grupo eurocético dos Conservadores e Reformistas Europeus no Parlamento Europeu, do qual fazem parte o partido nacionalista governante na Polônia, Lei e Justiça, e os Irmãos da Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni.
Com mais de duas décadas de presença na vida política finlandesa, analistas políticos situam esse partido entre a direita soberanista e a extrema direita. Também é cético em relação às mudanças climáticas e deseja adiar a meta de neutralidade de carbono do país, atualmente fixada para 2035.
Embora tenha defendido por muito tempo a saída da Finlândia da União Europeia, nos últimos anos o discurso do partido se deslocou de uma postura principalmente eurocética para um foco maior na migração.
FONTE: Estado de Minas