Conservadores britânicos são criticados por taxa para credenciar imprensa em congresso
Centenas de meios de comunicação internacionais, entre eles a Agence France-Presse (AFP), acusaram, nesta terça-feira (20, noite de segunda em Brasília), o Partido Conservador britânico de atentar contra a liberdade de imprensa ao cobrar tarifas dos jornalistas para a cobertura de seu congresso anual.
O partido do primeiro-ministro Rishi Sunak cobrou pelas credenciais dos jornalistas pela primeira vez em 2022, fazendo pouco caso das queixas de meios britânicos e estrangeiros.
Este ano, a legenda voltou a impor uma tarifa de 137 libras (R$ 838), que aumentará para 880 libras (R$ 5.380) a partir de 1º de agosto, para permitir a cobertura de seu próximo congresso, previsto para outubro em Manchester, no noroeste da Inglaterra.
Como reação, a associação da imprensa estrangeira (FPA, na sigla em inglês) no Reino Unido denunciou, em uma carta aberta, o que considera "um perigoso precedente que países de todo o mundo podem utilizar para colocar obstáculos à cobertura jornalística da vida política".
"Portanto, pedimos aos organizadores do congresso do Partido Conservador que abandonem e reembolsem os custos e permitam uma cobertura midiática livre e aberta para todos", acrescentou a FPA.
A carta foi assinada por cerca de 300 veículos, entre eles AFP, New York Times, Washington Post, Le Monde, The Hindu, Yomiuri Shimbun, Der Spiegel e Sydney Morning Herald.
Estão representados na associação meios de comunicação de mais de 60 países, inclusive China, Irã e Rússia.
Os conservadores afirmam que o dinheiro cobrado pelas credenciais cobre os gastos administrativos dos "milhares" de jornalistas que não aparecem apesar de estarem credenciados.
No entanto, segundo a FPA, o partido não forneceu provas desse número elevado de ausências.
Os meios de comunicação britânicos já tinham se queixado dessas tarifas no ano passado, mas não apresentaram uma reclamação coletiva.
O Partido Conservador não comentou até agora as críticas da imprensa estrangeira.
A título de comparação, o credenciamento para o congresso anual do Partido Trabalhista, a principal força de oposição, é gratuito até 28 de julho. Após essa data, há uma tarifa de 75 libras (R$ 459) até 31 de agosto, que sobe para 95 (R$ 580) a partir de 1º de setembro.
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FONTE: Estado de Minas