Quem é Clairo, cantora americana que resume em canções delicadas as angústias da geração Z
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Ela começou com hit viral sobre perder identidade para agradar pessoa amada e expandiu temas das letras. g1 conta como é o show da tímida rockstar de 24 anos que coleciona elogios da crítica. Nos últimos anos, Clairo saiu definitivamente da lista de jovens artistas tocando violão no YouTube e Soundcloud para a lista de cantoras mais prestigiadas por sites, jornais e revistas. Os dois álbuns da tímida rockstar de 24 anos foram elogiados por publicações como "NME" ("lindas pérolas musicais"), "Rolling Stone" ("graciosa e sutil") e "Pitchfork" ("encontra exuberância na quietude").
Claire Elizabeth Cottrill faz parte de uma turma super novinha, nascida no final dos anos 90 ou começo dos anos 2000, com gente que só precisa de um pijaminha e um notebook para fazer um som pessoal e um tanto suave. Há momentos de peso, mas tudo é meio delicado, criado com cuidado. O grande nome deste "pop de quarto" é Billie Eilish. Clairo parece se apresentar como alguém com talento para ver seu fã-clube crescer e seu nome subir nos cartazes dos festivais em que vem tocando. Esse crescimento, aliás, poderia levá-la a uma estreia no Brasil. A cantora nasceu na cidade americana de Atlanta, um dos berços do trap, mas o som pouco tem a ver com a vertente do rap que hoje é a mais ouvida em vários lugares, incluindo o Brasil. Ela passou a infância e adolescência em Carlisle, cidadezinha de 5 mil pessoas no estado de Massachusetts, próxima de Boston, onde começou a tocar ao vivo em pequenas casas de shows. O nome de Clairo passou a ser mais falado a partir de 2017, graças a "Pretty Girl", canção produzida por ela mesma no software GarageBand. A letra foi escrita em menos de duas horas, com versos balbuciados sobre alguém que perde a própria identidade em um relacionamento depois de fazer de tudo para agradar a pessoa amada. Desde então, os temas variaram um pouco, mas nem tanto. Relacionamentos da geração Z são a base do cancioneiro e dos resmungões de Clairo. Em "Bags", ela relata seu primeiro relacionamento afetivo com uma garota e a dificuldade de entender os limites entre amiga hétero e crush lésbico. "Blouse" explora uma situação específica em que ela viveu ("Por que eu vou dizer como me sinto se você está ocupado demais olhando a minha blusa?") para falar sobre as experiências "em ter sido sexualizada na indústria da música". "Imunity", álbum de estreia, é um disco sobre voltar ao período do colégio e falar com a mini Clairo o que ela deveria saber naquela época. Foram tempos difíceis, ela garante: a garota foi diagnosticada com artrite reumatoide juvenil e os joelhos sofreram com inchaços e inflamações. É mais um fator que a fez ter uma adolescência "em que se sentia presa", nas palavras dela. A cantora Clairo Reprodução/Instagram da cantora Na parte musical, a cantora teve a ajuda de dois produtores egressos de bandas de indie pop rock, Jack Antonoff (do Fun) e Rostam Batmanglij (do Vampire Weekend). Eles ajudaram a então jovem cantora viral a pensar sua sonoridade. Clairo aumentou a intensidade de ensaios e de sessões com uma coach vocal. Ela já confessou que ficava constrangida em ver as primeiras performances ao vivo da carreira. Como é o show da Clairo? A americana Clairo durante show Reprodução/Facebook da cantora Com blusa e macacão brancos, óculos escuros mesmo em dia chuvoso e pose de quem não está exatamente aí, Clairo caminha pelo tapete que adorna o espaço em que circula, abaixo do microfone de quando está tocando guitarra e daquele de quando toca piano. Os arranjos são ainda mais suaves do que os de estúdio, com bastante destaque ao saxofone. É o instrumento de sopro que conduz grande parte das músicas. Não por acaso, há dois saxofonistas na banda se revezando no instrumento. Noutras vezes, tocam flauta ou teclado. "Vamos tocar algumas músicas do meu primeiro disco", avisa Clairo, na primeira pausa de show feito no fesfival Re:Set, que aconteceu em Nova York, no meio de junho, com presença do g1. A rápida interação gera certo faniquito nas fãs, muitas delas vestindo camisas de turnês anteriores e da atual. Em geral, a plateia é formada por mulheres de 20 a 30 anos. Dançam balançando a cabeça em movimentos semicirculares, com as mãos no coração ou de punho fechado sacudindo um pouco numa dança meio descompassada. A cantora Clairo Divulgação Há guitarras com certo peso, é verdade, mas o set é basicamente manso. Do meio para o fim do show, o clima esfria e ela tem que lidar com o vento fazendo backing vocal no microfone. O som do sopro e a luta para ser ouvida em meio ao prenúncio de tempestade fazem a cantora rir com timidez. Clairo ainda parece bem mais à vontade em estúdios ou nas performances intimistas postadas no YouTube. Foi assim (falando baixinho, meio desajeitada, honesta demais) que ela ganhou um fandom para chamar de seu. Ao vivo, ela ainda deixa claro que está entendendo o que quer fazer no palco. "É isso, gente. Boygenius vem aí. Yey", despede-se apresentando o headliner da noite, após terminar seu show 10 minutos antes do previsto. Clairo está no podcast g1 ouviu com 100 músicas para entender o pop atual:FONTE: G1 Globo