Instalação de radares não resolve problema do Anel, diz especialista
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Sete novos radares de velocidade estão sendo instalados nos pouco mais de 27 quilômetros do Anel Rodoviário, que percorre a Grande Belo Horizonte. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), os equipamentos devem começar a funcionar entre 30 e 60 dias.
Mesmo com o reforço na fiscalização, especialistas apontam que os acidentes na rodovia não acontecem apenas pelo excesso de velocidade. Segundo Silvestre de Andrade, consultor de transporte e trânsito, a atual estrutura da rodovia não comporta a quantidade de veículos. “O anel tem uma demanda maior que a capacidade. Tem falta de marginais, passarelas. Uma série de problemas mais estruturais, que precisam ser resolvidos. E tem um problema sério, funcional, que é a mistura do tráfego urbano com o rodoviário. São jeitos diferentes de encarar. Tem um tráfego de caminhões no meio de veículos de passeio”, explicou Silvestre.
Apesar disso, o aumento na fiscalização é visto com bons olhos. Silvestre aponta que a instalação dos radares é uma das principais formas de aumentar a segurança nas estradas. “Os radares são fundamentais porque é uma forma de fiscalização 24 horas por dia, sete dias por semana e permanente no local que não tem como burlar. A tendência a respeitar ela é muito grande. E com isso ela inibe velocidades maiores e cria um ambiente de maior segurança”, disse.
O reforço na fiscalização acontece quase três anos após os “pardais” terem sido removidos do trecho entre os bairros Califórnia e São Gabriel. Na época, a retirada aconteceu devido a um acordo judicial homologado pela Justiça Federal em 2019, que previa a instalação de outros 1.140 radares em todo o país. Parte deles está sendo reativada agora.
Quem passa pelo Anel Rodoviário aprovou a instalação. A estudante de psicologia Lina Campos precisa utilizar a via diariamente e espera que os novos radares deixem a estrada mais segura. “O Anel é muito perigoso, podemos ver pelo tanto de acidente que tem. A estrada também não está muito boa, alguns radares não estão funcionando. Os radares podem sim ajudar bastante a diminuir os acidentes”, disse.
Acidentes
Na manhã desta terça-feira (27), um motociclista de 35 anos morreu após atingir um caminhão na altura do bairro Jardim São José, região Oeste da capital.
Em fevereiro deste ano, uma sequência de acidentes envolvendo ao menos quatro veículos matou duas pessoas e fechou os dois sentidos da rodovia. Um carro atropelou um pedestre que tentava atravessar a pista.
Durante o atendimento à vítima, um caminhão carregado de milho tentou desviar e foi atingido por outra carreta. Umas delas ficou em L, atravessou a pista e prensou outro carro que seguia no sentido Rio de Janeiro.
Em 2022, foram registrados mais de dois acidentes por dia com vítimas. Ao todo, a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) registrou mais de 700 batidas ao todo, com 60 mortes no total.
O problema não pode ser apenas da rodovia. Silvestre aponta que os motoristas também têm uma parcela de culpa na quantidade elevada de acidentes. “No mínimo 70% dos acidentes tem o envolvimento do fator humano. Ele entra de algum jeito nos acidentes. Seja com o desrespeito da sinalização, excesso de velocidade ou uso de bebidas alcoolicas”, contou.
Solução?
Apontado como uma solução para a atual situação do Anel Rodoviário, o Rodoanel surgiu e pode ser finalizado até 2028. Com 100 quilômetros de malha rodoviária, o Rodoanel vai passar por Belo Horizonte e outras 10 cidades da região metropolitana, entre elas Contagem e Betim, que criticaram vigorosamente o traçado do projeto. A obra promete desafogar o trânsito da RMBH, reduzindo o tempo de viagem no trecho em até 50 minutos.
Devido ao fato de separar o trânsito urbano do trânsito de estradas, Silvestre aponta que o novo projeto pode resolver grande parte dos problemas do Anel Rodoviário. “O Anel virou uma avenida, a única expressa de BH. Ela ajuda, liga uma série de regiões da cidade com outras cidades. É importantíssimo para a capital. Tem um tráfego rodoviário pesado, são três rodovias passando ali, temos que dividir isso, dar um tratamento pro anel atual, mais urbano, tirando ele da visão rodoviária, tratando mais como avenida. E disponibilizar uma verdadeira rodovia para o tráfego pesado. O novo rodoanel vai ter essa função de tirar o tráfego pesado do dia a dia”, explicou.
FONTE: Estado de Minas