Adolescente usa escrita como ‘terapia’ para superar ansiedade e lança livro em MG: ‘Autodescoberta e crescimento’

10 jul 2023
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Autora tem 16 anos e é de Botelhos (MG). Especialista explica que a 'escrita terapêutica' serve como meio de expressão, além de ajudar a organizar os pensamentos e emoções. Uma jornada de fortalecimento da saúde mental pode levar alguém a diversos caminhos diferentes. É como o caso de uma adolescente de Botelhos (MG), que descobriu na escrita uma saída terapêutica para lidar com a ansiedade e depressão e, recentemente, lançou o primeiro livro da carreira como autora. O resultado não foi apenas uma obra de ficção, mas também uma expressão de lutas pessoais.

Desde a infância, Sarah Helen de Souza Silva de 16 anos enfrentou desafios emocionais significativos; um deles foi a separação dos pais. Enquanto crescia, a adolescente encontrou uma voz e um refúgio seguro para explorar suas emoções mais profundas através das palavras.

Sarah Helen, de Botelhos (MG), usou a escrita como 'terapia' para superar ansiedade

Liti Gianelli

“Quando comecei aos 13 anos, não tinha certeza se realmente conseguiria concluir um livro. Agora, aos 16 anos, olhando para trás e vendo onde cheguei, sinto uma mistura de gratidão e realização”, disse ao g1.

Escrita como terapia

A escrita como terapia pode proporcionar uma série de benefícios para jovens autores que enfrentam problemas de saúde mental. Além de servir como um meio de expressão, se torna mais fácil estruturar e organizar os pensamentos e emoções.

“É importante aprender a conviver e aceitar sentimentos agradáveis e desagradáveis, e a escrita proporciona esse espaço de reflexão e acolhimento, além de fornecer uma estratégia bastante eficaz em momentos de autoconhecimento”.

Sarah Helen conta que se lembra de ser ansiosa desde muito cedo. Ela é acompanhada por psicólogos desde a separação dos pais, quando tinha 4 anos. Em 2022 também começou a receber apoio de um psiquiatra nos tratamentos.

Mesmo na imaginação, ela sempre teve o hábito de criar histórias como válvula de escape. Para ela, era como se fosse um conforto para aliviar a ansiedade do dia-a-dia. Quando resolveu colocar em prática e escrever o livro, percebeu que aquilo a ajudava muito.

“Eu focava na história e nas ideias, assim eu esquecia o que tava passando no momento”, relata a jovem.

Adolescente usa escrita como 'terapia' para superar ansiedade e lança livro em MG: 'Jornada incrível de autodescoberta e crescimento'

Liti Gianelli

Narrativas independentes

A escrita também permite que os jovens se sintam no controle de sua narrativa e capazes de criar mudanças positivas em suas vidas. Quem explica é a psicóloga Naiara de Figueiredo Rocha Araujo, de Botelhos (MG).

“Vejo a escrita como uma ferramenta bastante potente de auxílio em relação aos transtornos relacionados à saúde mental, propiciando alívio, entendimento e aceitação por parte das crianças e adolescentes às suas dores e sofrimentos”, explicou a psicóloga ao g1.

“Acho que um dos desafios principais na atualidade seja a não validação do sofrimento de crianças e adolescentes e ainda a visão um pouco distorcida e preconceituosa em relação a temas relacionados à saúde mental nessas faixas etárias, como se o sofrimento deles não fosse legítimo ou não tivessem problemas suficientes para ter ansiedade ou até mesmo depressão”.

A não validação do sofrimento é confirmada por Sarah Helen. A adolescente explica que, mesmo fazendo usando de medicação e sendo acompanhada psicologicamente há algum tempo, é “algo que nem todos acreditam, então se torna pior para quem sente”. Dor que só aliviou depois de muito incentivo.

Adolescente usa escrita como 'terapia' para superar ansiedade e lança livro em MG: 'Jornada incrível de autodescoberta e crescimento'

Reprodução/EPTV

Importância do apoio

Da família, amigos ou da escola. Ter suporte foi essencial no processo de Sarah Helen. Além disso, a produção do livro ‘Apaixonada por um Inimigo’ foi conciliada com a pressão do período escolar.

Por isso, manter a criatividade fluindo ao longo do processo de escrita foi um desafio. Neste processo, a adolescente usava a própria vida e as situações cotidianas como fonte de inspiração.

Mesmo assim, Sarah percebeu a ansiedade aumentar ainda mais e interrompeu a escrita do livro diversas vezes.

“Sempre me julguei muito e dizia a mim mesma: ‘eu não sou capaz de escrever um livro’ ou ‘se eu escrever ninguém vai gostar’. Depois que minhas crises diminuíram, eu resolvi voltar. Foi quando o meu cérebro associou a escrita como uma terapia. Comecei a ver o livro como um hobby e não algo que me pressionava como antes”, contou a autora.

Pertencimento e futuro

Livros são alternativa para que jovens se descubram e explorem possibilidades enquanto passam por uma das principais fases de desenvolvimento

Júlia Reis/g1

Segundo a psicóloga, é muito importante que os jovens se sintam pertencentes, acolhidos e validados nessa fase da vida. Por isso, o apoio da família e de amigos também são primordiais, independente da estrutura e rede de apoio com a qual eles contem.

“Nesse estágio de vida, os pares têm um papel bastante significativo na vida das crianças e dos adolescentes. Atualmente a tecnologia vem cada vez mais tomando conta desta faixa etária. Acho a escola e os professores uma importante ferramenta de auxílio, apoio e incentivo”, explicou a profissional.

O caso de Sarah é um lembrete de que a escrita e os livros podem ser transformadores, independentemente da idade.

“A escrita deve ser leve, não se tornar uma exigência, mas um espaço de acolhimento, de aceitação, de exploração das ideias, validação de si mesmo com seus pensamentos e sentimentos”, sugere a psicóloga.

“Escrever um livro pode ser desafiador, mas também é uma jornada incrível de autodescoberta e crescimento” finaliza a autora.

Adolescente usa escrita como 'terapia' para superar ansiedade e lança livro em MG: 'Jornada incrível de autodescoberta e crescimento'

Liti Gianelli

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FONTE: G1 Globo


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