Obra de João Donato inclui parcerias com ícones da MPB, roqueiros, rappers, sambistas e artistas da nova geração
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Morto hoje aos 88 anos, o compositor deixa músicas feitas com Abel Silva, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Cazuza, Céu, Chico Buarque, João Gilberto, Gilberto Gil, Marcelo D2, Marisa Monte, Martinho da Vila e Tulipa Ruiz, entre outros nomes. Gilberto Gil e João Donato (1934 – 2023), parceiros em sucessos como 'Emoriô', se encontram em estúdio na gravação de 'Afeto', álbum em tributo a Carlos Lyra
Hélio Rodrigues / Facebook João Donato ♪ MEMÓRIA – O vasto e variado time de parceiros de João Donato (17 de agosto de 1934 – 17 de julho de 2023) atesta o quão simplista é delimitar a música do compositor, pianista e arranjador acreano no (rico) universo da bossa nova. Dono de cancioneiro que se espraiou pela MPB, sem se afastar da bossa latina que identifica o som do compositor no Brasil e no exterior, João Donato firmou parcerias desde os anos 1950, década em que compôs Minha saudade (1955), música que ganhou letra de João Gilberto (1931 – 2019) apresentada em 1959 na voz de Alaíde Costa. No entanto, foi a partir de 1973, quando Donato se apresentou como cantor no álbum Quem é quem, que as parcerias começaram a ser abertas em sequência e com frequência regular com nomes como Lysias Ênio – irmão de Donato, letrista de Até quem sabe (1973) e o parceiro mais presente na discografia do artista – e Paulo César Pinheiro. A lista de parceiros do compositor é imensa e inclui ícones da MPB, abrange um rapper (Marcelo D2, letrista de Balança, música de 2002), cantoras e compositoras da nova geração – como Céu, Thalma de Freitas e Tulipa Ruiz, com quem Donato fez as músicas Floriu (2022), Ecstasy (2015) e Gravidade zero (2019) / Manjericão (2019), respectivamente – e abarca até sambistas como Martinho da Vila, parceiro do artista acreano em composições como Daquele amor nem me fale (1981), Gaiolas abertas (1982), Muita luz (1985) e Suco de maracujá (2005). Tulipa Ruiz e João Donato (1934 – 2023), parceiros nas músicas 'Gravidade zero' e 'Manjericão', de 2019 Reprodução / Instagram Tulipa Ruiz Donato deixa parceria até com artista associado ao rock, caso de Cazuza (1958 – 1990), com quem compôs em 1989 a canção Doralinda, lançada um ano após a morte do artista carioca. Se as parcerias com Caetano Veloso (A rã, Naturalmente, Nua ideia / Leila XII, O fundo e Surpresa, além de Naquela estação, balada também assinada por Ronaldo Bastos) e Gilberto Gil (Bananeira, Emoriô, Lugar comum e A paz, entre outras) são célebres, o mesmo pode ser dito da única composição de João Donato com Chico Buarque, Cadê você (Leila XIV), apresentada por Chico no álbum Francisco (1987). Com Arnaldo Antunes, Donato assinou Nunca mais (2002, com a adesão de Marisa Monte), Clorofila do sol (Planta) (2003), Amazonas II (2010, com Péricles Cavalcanti) e Fogo (2013). Já a parceria com o poeta e letrista Abel Silva rendeu Brisa do mar (1981), Diapasão (1981), Simples carinho (1982), Homem feliz (1982), Verbos do amor (1982), O cheiro da fruta (1983) e Noite acesa (1984), entre outras canções. Artistas afins, como Joyce Moreno, não somente fizeram músicas como gravaram e assinaram discos com João Donato, compositor e músico cuja obra não cabe em rótulos e escaninhos, transcendendo a morte do artista na madrugada de hoje, 17 de julho, a um mês de fazer 89 anos.FONTE: G1 Globo