Ex-presidente panamenho Martinelli condenado a quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro
O ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli, que aspira voltar ao poder em 2024, foi condenado a quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro durante seu mandato (2009-2014), informou o órgão judicial nesta terça-feira (18).
O tribunal "o condena à pena de 128 meses de prisão" e ao pagamento de uma multa no valor 19 milhões de dólares (91 milhões de reais na cotação atual), segundo a sentença.
A defesa de Martinelli pode contestar a sentença em um tribunal de apelações ou apresentar um recurso à Corte Suprema de Justiça.
O ex-presidente qualificou repetidamente o processo como um "julgamento político manipulado" e uma "perseguição política" para evitar que ele concorra às eleições presidenciais de 2024.
"Aqui há pessoas que fazem o indizível, violando a lei, a Constituição e ao sistema judicial apenas com o objetivo de tentar me inabilitar politicamente", disse Martinelli recentemente.
"Não vou me intimidar com esses cantos de sereia de um julgamento manipulado, vão ter que me matar", acrescentou.
A principal promotoria contra o crime organizado havia solicitado a pena máxima de 12 anos, que poderia ser ampliada a 18, por comprar em 2010, com dinheiro público, a maioria das ações da Editora Panamá América.
Segundo a acusação, a compra foi realizada através de um complexo esquema de sociedades no qual várias empresas depositaram um total de 43,9 milhões de dólares (212 milhões de reais).
Esse dinheiro seria proveniente do pagamento de comissões, de até 10% sobre o contrato original, por obras de infraestrutura durante o governo de Martinelli.
Com parte desses fundos, Martinelli adquiriu a empresa de comunicação, cuja linha editorial defende desde então os feitos do ex-presidente.
Martinelli, de 71 anos, aspira voltar ao poder, embora tenha sido chamado a responder a outra ação, em agosto, por suposta lavagem de pagamentos de propinas feitos pela construtora brasileira Odebrecht.
- Decisão histórica -
O ex-presidente foi julgado de 23 de maio a 2 de junho por este caso, conhecido como "New Business", nome de uma das sociedades utilizadas no esquema.
"É uma decisão histórica, é a primeira vez na história do Panamá que um empresário, ex-presidente e político relevante é condenado a 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção", afirmou à AFP o diretor do jornal Metro Libre, James Aparicio.
Martinelli, proprietário de uma rede de supermercados, venceu as eleições de 2009 com um discurso contra "os políticos tradicionais" e a corrupção, embora no final de seu mandato mais de dez de seus ministros tenham sido detidos por vários escândalos.
O ex-presidente, que ficou preso preventivamente por dois anos no Panamá, após ser extraditado dos Estados Unidos em 2018, foi absolvido em 2021 em um julgamento por suposta espionagem a opositores.
Em janeiro de 2022, os Estados Unidos anunciaram a proibição da entrada de Martinelli e sua família no país por sua participação em "atos de corrupção significativos".
Esta decisão foi tornada pública após a chegada ao Panamá de dois filhos de Martinelli, presos nos Estados Unidos por receberem 28 milhões de dólares (134 milhões de reais) em propinas da Odebrecht, dos quais 19 milhões (91 milhões de reais) transitaram por contas americanas.
FONTE: Estado de Minas