Militares golpistas nomeiam novo líder após golpe de Estado no Níger

28 jul 2023
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Os militares que deram um golpe de Estado no Níger nomearam, nesta sexta-feira (28), o general Abdourahamane Tchiani como o novo líder no comando no país, cujo presidente Mohamed Bazoum foi sequestrado há três dias.

Tchiani anunciou na televisão estatal que foi nomeado "presidente do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria", a junta militar que derrubou o governo de Bazoum.

O general, que é chefe da Guarda Presidencial desde 2011, justificou o golpe pela "deterioração da situação de segurança" no país africano, devastado pela violência de grupos jihadistas.

"A abordagem atual em matéria de segurança não foi capaz de proteger o país, apesar dos grandes sacrifícios do povo nigerino e do grato apoio de nossos aliados externos", afirmou.

Pouco depois de seu discurso, a junta alertou em um comunicado que é contra "qualquer intervenção militar estrangeira".

Bazoum está detido desde a manhã de quarta-feira (26) no palácio presidencial, rodeado de membros da sua escolta. Ele continua junto à sua família e conseguiu se comunicar com outros chefes de Estado.

O presidente da França, Emmanuel Macron, condenou o golpe de Estado nesta sexta e exigiu a libertação de seu colega nigerino.

"Este golpe de Estado é completamente ilegítimo e profundamente perigoso para os nigerinos, para o Níger e para toda a região", disse Macron em Papua-Nova Guiné, onde realiza uma visita.

Neste sábado, o dirigente francês deve presidir um encontro de sua equipe de defesa sobre a situação no país africano, segundo a Presidência.

Por sua vez, a União Europeia (UE) condenou duramente o golpe de Estado e ameaçou suspender a ajuda financeira que fornece ao país.

Já os Estados Unidos ameaçaram encerrar a "cooperação em segurança e outras áreas". Contudo, os cerca de 1.000 soldados que Washington mantém no Níger continuarão lá por ora.

Na quinta-feira, o Exército do Níger expressou seu apoio aos líderes que orquestraram o golpe. Estes militares acusaram a França, que tem 1.500 soldados destacados no Níger, de violar o fechamento da fronteira ao pousar um avião militar no aeroporto internacional da capital, Niamei.

Já Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) exigiu "a libertação imediata" de Bazoum e afirmou que o mandatário "continua sendo o presidente legítimo e legal do Níger reconhecido" por esta organização.

Depois dos golpes de Estado no Mali e em Burkina Faso, que se aproximaram da Rússia após exigir a saída dos soldados franceses de seus territórios, o Níger era um dos últimos aliados do Ocidente na região do Sahel, uma área devastada por grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.

- Convocação de novo protesto em Niamei -

Os militares anunciaram "a suspensão das atividades dos partidos políticos até segunda ordem" e pediram "calma" à população após os incidentes na manifestação de apoio aos golpistas na quinta-feira.

Durante os protestos, manifestantes hastearam bandeiras da Rússia e entoaram cantos contra a França. Enquanto isso, um grupo de jovens se dirigiu à sede do Partido Nigerino para a Democracia e o Socialismo (PNDS, no poder), a poucos quilômetros do ato, onde incendiaram carros.

Havia outra manifestação prevista para esta sexta-feira, mas acabou sendo proibida.

Na noite de quarta, os militares rebeldes anunciaram a deposição do presidente eleito democraticamente e no poder desde 2021. Além disso, a junta militar suspendeu as instituições do país, fechou as fronteiras terrestres e aéreas e estabeleceu um toque de recolher noturno em todo o território.

O golpe foi condenado pela ONU e pelos países ocidentais próximos ao Níger, incluindo os Estados Unidos.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, confirmou que conversou com Bazoum e expressou que "claramente os Estados Unidos o apoiam fortemente".

A ONG Human Rights Watch alertou que os direitos humanos estão "ameaçados" após o golpe, embora a junta tenha reafirmado nesta sexta-feira sua "vontade" de respeitá-los.

O Níger, ex-colônia francesa, tem uma história marcada por sucessivos golpes desde a sua independência em 1960.


FONTE: Estado de Minas


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