Anamaria Carvalho, a ‘mulher de branco’ morta aos 75 anos no Rio, deixa raro EP psicodélico de 1974
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!
♪ MEMÓRIA – Muitas lendas cercaram a vida de Anamaria Teixeira de Carvalho (15 de setembro de 1947 – 3 de agosto de 2023), cantora e compositora carioca conhecida nas últimas décadas como “a mulher de branco” que andava pelas ruas de Ipanema vestida de branco (e depois de azul) e que morreu na quinta-feira, aos 75 anos, em decorrência de pneumonia.
Para além da aura lendária, contudo, existiu uma artista que viveu à margem e que, ao sair da cena carioca, deixa um único raro disco, Arembip I°, EP de aura psicodélica, atualmente uma relíquia para colecionadores de discos pela existência de pouquíssimas cópias. Disco que também pode ser caracterizado como single com três músicas, o EP Arembip I° foi lançado em 1974 em tiragem reduzida, fabricada somente para “distribuição interna”, como ressaltado na capa que expunha o nome de Oriana Maria. Sim, foi como Oriana Maria que Anamaria Carvalho assinou o disco gravado em Buenos Aires, Argentina, com músicos do rock portenho. A propósito, uma das três músicas de Arembip I°, Suco de tomate frio, era versão em português de Jugo de tomate, composição lançada em 1970 pelo grupo argentino de rock Manal. As outras duas músicas do disco de Anamaria, Rebuliço e Movimento do ar, eram de autoria da própria artista, que crescera ao som dos standards da bossa nova e tinha se aventurado pela carreira musical quando foi morar nos Estados Unidos com Marcos Valle, com quem namorava e com quem se casou justamente para poder viajar com o aval da família. Capa do EP 'Arembip 1º', de Oriana Maria, nome artístico de Anamaria Carvalho em 1974 Reprodução Nos EUA, a cantora foi a musa inspiradora do título de Crickets sings for Anamaria (1967), versão em inglês – escrita por Ray Gilbert (1912 – 1976) – de Os grilos (1965), uma das mais famosas músicas da parceria Marcos Valle com o irmão Paulo Sérgio Valle. Foi também nos Estados Unidos, precisamente em Los Angeles (EUA), que Anamaria gravou vocais no álbum Samba ‘68 (1968), de Marcos Valle, após ter integrado o Brasil ‘65, grupo formado e liderado nos EUA pelo pianista fluminense Sergio Mendes. Na volta ao Brasil nos anos 1970, já separada de Marcos Valle desde 1969, Anamaria fundou em 1972 um grupo, Rock Ebó, com referências a signos de religiões de matriz afro-brasileira antes de gravar o único título da discografia solo da cantora. Pelo contexto em que foi gravado e (mal) lançado, o EP Arembip I° até parece uma lenda do pop psicodélico brasileiro, mas o disco existe e, com a morte de Anamaria, tem elevada a já alta cotação no mercado de relíquias fonográficas. Contracapa do EP 'Arembip 1º', de Oriana Maria, nome artístico de Anamaria Carvalho em 1974 ReproduçãoFONTE: G1 Globo