Níger pode superar sanções impostas após o golpe, afirma primeiro-ministro nomeado pelos militares

14 ago 2023
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O Níger é capaz de "superar" as sanções impostas contra o governo, afirmou nesta segunda-feira (14) o primeiro-ministro nomeado pelos militares, um dia após o regime denunciar o impacto das medidas no país, cuja situação será discutida em uma reunião de cúpula da União Africana (UA).

"Acreditamos que, embora este seja um desafio injusto que nos foi imposto, devemos ser capazes de superá-lo. E vamos fazer isto", afirmou Ali Mahaman Lamine Zeine em uma entrevista ao grupo de comunicação alemão Deutsche Welle.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) suspendeu as transações financeiras e o fornecimento de energia elétrica ao país alguns dias após o golpe de 26 de julho.

O bloco, que não descartou utilizar a força para restabelecer o mandato do presidente derrubado Mohamed Bazoum, fechou as fronteiras com o Níger, o que bloqueou as importações do país, que não tem saída para o mar e depende economicamente das nações vizinhas.

Níger, com 25 milhões de habitantes, está entre os países mais pobres do mundo e era um dos últimos aliados do Ocidente na região do Sahel, onde atuam muitos grupos jihadistas.

Os militares no poder denunciaram no domingo que as sanções dificultam o acesso da população a medicamentos, alimentos e à energia elétrica. Eles chamaram as medidas de "ilegais, desumanas e humilhantes".

- Via diplomática? -

Na entrevista, Zeine, formado em Economia, também citou a visita de uma delegação de religiosos muçulmanos da Nigéria a Niamey no fim de semana.

A viagem da missão de mediação buscou "apaziguar as tensões" criadas pela possibilidade de uma intervenção da Cedeao, informou uma fonte à AFP.

"Temos um grande interesse em preservar esta importante e histórica relação e em garantir que a Cedeao trabalhe, em primeiro lugar, em questões puramente econômicas", afirmou Zeine.

"Se constatarmos que os princípios políticos e militares prevalecem sobre a solidariedade econômica, isto seria muito lamentável", advertiu.

Os líderes muçulmanos visitaram Niamey com a aprovação do presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que também coordena o bloco regional do oeste africano.

Após o encontro, o xeque Bala Lau, líder da missão, afirmou em um comunicado que o general Abdourahamane Tiani, principal nome do novo regime nigerino, se mostrou disposto a "explorar a via diplomática e a paz para solucionar" a crise.

Tiani "afirmou que o golpe foi bem-intencionado" e aconteceu "para afastar uma ameaça iminente que teria afetado" tanto a Nigéria como o Níger, segundo Lau.

Poucas horas depois do encontro, no entanto, os militares anunciaram a intenção de processar o presidente derrubado por "alta traição".

Bazoum, de 63 anos, está detido na residência presidencial ao lado da mulher e do filho desde o golpe. Os militares também o acusaram de "minar a segurança interna e externa do Níger".

Nos últimos dias, representantes de organizações internacionais e de países aliados do Níger expressaram preocupação com a saúde e as condições de detenção de Bazoum.

O presidente derrubado recebeu a visita de seu médico no sábado, informou um de seus conselheiros. "Depois da visita, o médico não relatou nenhum problema relacionado ao estado de saúde do presidente deposto e dos membros de sua família", afirmaram os militares.

- Reunião da União Africana -

Em 30 de julho, a Cedeao deu um ultimato de sete dias aos militares para o retorno de Bazoum ao poder, sob pena de utilização da força. O prazo terminou, mas os novos governantes do país não recuaram.

Durante uma reunião na quinta-feira, os líderes africanos reafirmaram o desejo de privilegiar a via diplomática, mas também de ordenar a mobilização da "força de espera" da organização.

Vários países da região, no entanto, mostraram suas reservas sobre uma intervenção. Mali e Burkina Faso, também governados por militares, expressaram solidariedade a Niamey.

A União Africana anunciou uma reunião nesta segunda-feira em sua sede em Adis Abeba, na Etiópia, para examinar a situação no país africano.


FONTE: Estado de Minas


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