Entregador agredido acredita não ter recebido apenas “muletadas”

16 ago 2023
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Lincoln Santos, o motoboy agredido durante um entrega no Bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte, nessa terça-feira (15/8), usou as redes sociais um dia depois do ocorrido para dar sua versão dos fatos. Ele acredita não ter sido agredido apenas com uma muleta.

A confusão teria começado após o entregador solicitar o código de segurança do pedido aos compradores. 

Os vídeos do entregador foram enviados em um grupo que reúne diversos motoboys que trabalham por aplicativo em Belo Horizonte. No início do vídeo, Lincoln agradece todo o apoio que tem recebido da categoria após a ocorrência.

Os colegas de profissão foram até a casa onde a agressão ocorreu e se manifestaram contra o episódio na manhã desta quarta-feira (16/5). 

Em sua explicação, Lincoln conta que tudo começou por volta das 13h de terça, quando ele se encaminhou para entregar o pedido de uma feijoada no bairro. Após coletar a comida, o entregador recebeu a notificação de outro pedido.

“Eu recebi outro pedido e nois que é motoca nois sabe, se der para casar nois casa para fazer um dinheiro rápido, ainda mais que é feriado. Chegando lá eu vi que tava agarrado que não ia dá para pegar e não podia esperar também porque eu já tava com a feijoada, aí eu fui pro endereço”.

 
De acordo com Lincoln, após solicitar o código, mecanismo de segurança comum nos aplicativos de delivery de comida, houve uma discussão e, em seguida, as agressões verbais e físicas começaram.

“Pedi o código e ele falou que queria ver o pedido primeiro, mas eu falei que não podia entregar sem o código por questão de segurança. Eu guardei o pedido no bolsão e ele veio querer abrir e eu repreendi, dei um tapa na mão dele e falei que não ia abrir”, afirma o entregador. 

À polícia, os suspeitos da agressão afirmaram que perceberam pelo aplicativo que o entregador tinha desviado da rota e desconfiaram se ele havia feito algo no pedido. Por esse motivo, pediram para conferir a comida antes de entregar o código ao entregador.
As agressões, que em um primeiro momento eram verbais, passaram a ser físicas quando o rapaz que tinha ido encontrar o entregador chamou o pai, que chegou a agredir o entregador com uma muleta.

“A polícia falou que foi muleta, mas isso aqui não tá com cara de muleta não. Tô todo cortado e a muleta tá limpa”, conta Lincoln. Ele teve ferimentos no braço, na barriga, no peito e nas costas e recebeu diversos pontos. 

O entregador finaliza o relato fazendo um pedido para que o caso não caia em esquecimento. “Tá virando recorrente, toda semana, tá acontecendo isso aí e o que acontece com os cara? Não tem nem mais notícia, o caso morre, os cara abafa. Eu peço que dessa vez não aconteça isso, não porque é comigo mas porque já chegou em um limite que não tá dando mais. Os caras não estão respeitando a lei. Aí eu vou ficar 15 dias parado e quem vai pagar? Ninguém. É só prejuízo que tô tomando”, afirma Lincoln. 

Posicionamento do Ifood

O Ifood, aplicativo de entrega, afirmou em nota que: “repudia veementemente qualquer tipo de agressão, seja ela física ou verbal e que afete qualquer pessoa inserida em nosso ecossistema, seja entregador, restaurante e consumidor. A empresa informa que entrou em contato com o entregador para prestar apoio psicológico e jurídico e que deu entrada ao pedido de seguro para o profissional. O cliente foi banido da plataforma.  
O iFood ressalta aiinda que disponibiliza uma Central de Apoio Jurídico e Psicológico para entregadores, como uma iniciativa de combate à discriminação, garantia de acesso à justiça e valorização e respeito destes trabalhadores.”

Defesa dos suspeitos

O advogado Flávio Amaral, responsável pela defesa dos suspeitos, afirmou que na internet circulam imagens parciais e que não refletem tudo o que aconteceu no momento e é explicado no Boletim de Ocorrência.

Em nota, afirmou que: “é importante esclarecer que as agressões relatadas tiveram início por parte do entregador, conforme detalhadamente registrado. Ressaltamos nosso compromisso com a integridade e a veracidade dos fatos, reiterando que não são adeptos da violência e acreditamos no funcionamento adequado das instituições policiais e judiciárias para a apuração imparcial dos acontecimentos.”. 

Na nota, é reforçado ainda que os suspeitos “não se tratam de pessoas violentas e agiram em conformidade com a defesa de seus direitos e integridade física”. 
 
 

FONTE: Estado de Minas