Rússia veta resolução da ONU sobre sanções ao Mali
A Rússia, aliada das autoridades militares do Mali, vetou, nesta quarta-feira (30), uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para prorrogar as sanções contra cidadãos que ameaçam a paz naquele país africano, cujo fim era pedido pela junta militar.
A resolução, que previa a prorrogação por um ano das sanções impostas em 2017 contra pessoas que põem em perigo o acordo de paz de 2015, assim como o comitê de especialistas encarregados de supervisioná-las, obteve 13 votos a favor, uma abstenção (China) e um voto contra (Rússia).
A Rússia, que havia apresentado uma resolução paralela, estava de acordo em prorrogar as sanções mais uma vez, mas queria dissolver o comitê de especialistas, já que, tal como o Mali, considera o mesmo enviesado. Sua resolução foi rejeitada por um voto a favor, um contra e 13 abstenções.
O último relatório do comitê de especialistas, divulgado na semana passada, concentrou-se, particularmente, na violência contra as mulheres perpetrada de forma "sistemática e organizada" pelas Forças Armadas do Mali e por seus "parceiros de segurança estrangeiros", supostamente os mercenários do grupo russo Wagner.
As sanções - congelamento de ativos e proibição de viajar -, vigentes desde 2017, afetavam oito pessoas, principalmente responsáveis dos grupos que assinaram o acordo de paz de 2015, acusados de colocarem o mesmo em risco. Essas sanções foram pedidas pelo governo do Mali eleito democraticamente, que a junta militar deseja suprimir.
"A razão que sustentou o pedido do Mali para estabelecer esse mecanismo já não existe", afirmou o ministro malinês das Relações Exteriores, Abdoulaye Diop, em carta dirigida ao Conselho de Segurança. Mas, em seu último relatório, o comitê de especialistas assegura que a aplicação do acordo de paz de 2015 está paralisado.
Além do "aumento da tensão" entre os grupos que assinaram o acordo, observa-se o rearmamento de alguns deles diante das ameaças das Forças Armadas do Mali, o que se tornou uma preocupação crescente, diante da retirada da missão de manutenção da paz da ONU no Mali a pedido do próprio país.
FONTE: Estado de Minas