Acordo de Bebel Gilberto com última mulher de João Gilberto abre caminho para revitalização da obra do artista

08 set 2023
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João Gilberto no traço de Speto em grafite exposto na capa do disco 'João Gilberto – Ao vivo no Sesc_1998', lançado em abril

Speto

♪ OPINIÃO – A decisão de Bebel Gilberto de reconhecer na Justiça a União Estável do pai, João Gilberto (10 de junho de 1931 – 6 de julho de 2019), com a moçambicana Maria do Céu, é passo importante – e possivelmente decisivo – para encerrar pendenga que vem restringindo o acesso do público à obra do artista.

Com o reconhecimento, já se pode ver luz no fim do túnel e vislumbrar o fim da briga dos herdeiros do cantor, compositor e violonista baiano. Ainda há falta de sintonia entre Bebel e os dois irmãos por parte de pai, João Marcelo e Luísa, mas o entendimento de Bebel com Maria do Céu abre caminho para acordo geral que favorecerá a música do Brasil.

Por mais que seja assunto de família, de foro íntimo, a briga dos herdeiros de João Gilberto impede que o mundo tenha acesso legalizado a uma das obras fundamentais da música do Brasil.

É inadmissível, por exemplo, que os antológicos três primeiros álbuns do criador da bossa nova – Chega de saudade (1959), O amor, o sorriso e a flor (1960) e João Gilberto (1961) – estejam indisponíveis nos aplicativos de áudio ou então disponíveis somente de forma extraoficial em edições piratas produzidas no exterior (geralmente na Europa) sem nenhum cuidado ou critério.

Se reinasse a paz, com a revalorização do vinil no mercado fonográfico, esses três álbuns já poderiam ter sido repostos em catálogo em luxuosas reedições em LP, como vem acontecendo com a discografia de outros grandes nomes da MPB. Mas os três discos sequer foram editados em CD.

Sem falar que, uma vez resolvidas as pendengas entre os herdeiros, álbuns com gravações inéditas do cantor poderão vir à tona, como o recente João Gilberto – Ao vivo no Sesc_1998 (2023), lançado em abril, mas somente posto no mercado porque a edição foi acertada por Bebel Gilberto quando João ainda estava vivo e Bebel, que conseguira na Justiça a interdição do pai, obteve dele a autorização para o lançamento desse álbum ao vivo que perpetua a apresentação feita por João Gilberto há 25 anos no teatro Sesc Vila Mariana, na cidade de São Paulo (SP), em 5 de abril de 1998.

Enfim, o acordo entre Bebel e Maria do Céu abre possibilidade de entendimento entre todos os herdeiros. E, mais do que os herdeiros, quem ganhará com esse vislumbrado acordo geral é o público que terá acesso irrestrito à Arte maior do imortal João Gilberto.


FONTE: G1 Globo


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