The Town 2023: O que deu certo e o que deu errado na estreia do festival em São Paulo?

11 set 2023
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Bruno Mars, Maroon 5, Post Malone e Foo Fighters foram as atrações principais do evento. Primeira edição do festival terminou neste domingo (10), no Autódromo de Interlagos. Roberta Medina responde dúvidas do público do The Town

A primeira edição do festival The Town terminou neste domingo (10), em São Paulo. Em cinco dias divididos em duas semanas de evento, cerca de 500 mil ingressos foram vendidos para a estreia do evento no Autódromo de Interlagos. Bruno Mars, Maroon 5, Post Malone e Foo Fighters foram as atrações principais do evento.

Abaixo, o g1 lista o que deu certo e o que deu errado na estreia do festival irmão mais novo do Rock in Rio, que volta a acontecer em 2024. A edição de 2025 do The Town, por sua vez, também está confirmada. Os eventos devem acontecer uma vez a cada dois anos.

RANKING DO G1: Os melhores e os piores shows do The Town 2023... Os destaques e as decepções do festival

O QUE DEU CERTO

Palco The One

The Town: Ne-Yo canta hit 'So Sick'

O palco The One apostou em parcerias entre artistas brasileiros (no mesmo modelo do palco Sunset do Rock in Rio) e em atrações nacionais e internacionais consideradas ainda sem prestígio suficiente para uma vaga no palco principal.

Faz parte da dinâmica do Rock in Rio (e agora do The Town) a ideia de que artistas do espaço secundário podem ser promovidos para o espaço mais nobre. Mais recentemente, isso aconteceu com Ludmilla. Não será surpresa se Jão e Ne-Yo, por exemplo, subirem de categoria no The Town 2025.

Além da programação, o palco The One teve sua parte técnica aprovada por fãs: a inclinação melhorava a visibilidade, os telões tinham uma boa disposição e as telas menores cravejadas em toda estrutura eram charmosas e funcionais.

Som

Jão se apresenta no The Town 2023

Luiz Gabriel Franco/g1

A potência e qualidade do som de todos os palcos foi imbatível. Com certeza, a pressão sonora foi o grande destaque desta edição do festival, quando o assunto é música. A instalação de mais torres com caixas de som espalhadas pelo espaço ajudou a propagar o som. Reclamações sobre o volume dos shows foi uma constante no Rock in Rio 2022, o que pode ter explicado tamanha preocupação com esse quesito no The Town.

SAIBA MAIS: O que explica o volume mais baixo ou mais alto nos shows dos festivais? Veja um guia completa sobre o som em eventos

Bruno Mars duplo

Bruno Mars repete setlist com 'Evidências' no The Town, dessa vez com Xororó na plateia

Quem reclamou por ter Bruno Mars fechando duas noites do The Town teve que voltar atrás. Apenas aceite. Talvez o hitmaker havaiano tenha feito os dois melhores shows do festival: nos dias 3 e 10 de setembro. Era de se esperar um grande espetáculo vindo de Mars. Não apenas pelos hits, mas pelas últimas apresentações feitas no Brasil em 2017.

O cantor mostrou por que é um dos melhores artistas da atualidade. Em performances milimetricamente calculadas, mostrou seus sucessos com nível altíssimo de execução, dançou cheio de gingado e brincou muito com o público em português. Fez até mesmo a plateia cantar o sucesso sertanejo "Evidências", em versão instrumental tocada pelo tecladista John Fossitt.

Entretenimento

Público curte quarto dia de The Town 2023

Luiz Gabriel Franco/g1

Já virou clichê afirmar que o Rock in Rio e seu irmão mais novo paulistano não são apenas um festival de música. O negócio aqui é música e muito mais: parque de diversões, musical contando a história do Rock in Rio, sessão exibindo um documentário sobre a história do festival, filas para ganhar brindes, praça de alimentação... É possível curtir só shows e tentar escapar dessas outras atrações? Claro. Mas a maioria do público pareceu aprovar a diversidade de atrações não tão musicais.

O QUE DEU ERRADO

Deslocamento entre palcos

Público curte o show do Barão Vermelho no The Town 2023

Luiz Gabriel Franco/g1

Quem vai ao Rock in Rio está acostumado a espaços planos e a caminhadas não tão grandes para curtir a maioria das atrações e ativações. A organização do The Town tentou (e conseguiu) manter essa característica. A ideia foi tornar o Autódromo de Interlagos mais plano e aproximar os palcos e outras áreas de lazer. Mesmo assim, o deslocamento foi um dos pontos fracos. Fãs reclamaram da dificuldade de ir e vir de um espaço para outro do evento. A distância entre os lugares era, no geral, pequena. Mesmo assim, todos passaram por apertos e perrengues no deslocamento. Era necessário se espremer ou estudar bem o mapa do evento para andar pela Cidade da Música. Filas em ativações de marcas também atrapalharam a circulação de público em vários pontos.

Roberta Medina, vice-presidente do festival, disse ao g1 que o deslocamento é o "calcanhar de Aquiles" do festival. "A gente já identificou isso e estamos trabalhando com a prefeitura nas próximas obras que estão planejadas, agora conhecendo o parque e vendo como funciona a circulação do público, para que isso não se repita, porque não é bom para ninguém e é desconfortável." No primeiro fim de semana de festival, houve problema na entrada de pessoas no autódromo. A circulação de pessoas quando os portões se abriam, no entanto, melhorou muito a partir do segundo fim de semana.

Palco Skyline

Público sentado próximo ao palco Skyline no The Town 2023

Rafael Leal /g1

O palco principal do The Town, chamado Skyline, recebeu muitas críticas negativas do público. A ausência de inclinação, a altura do palco e o tamanho do telão foram aspectos considerados pontos fracos do lugar onde se apresentaram as atrações principais. a disposição dos palcos sem tantas arquibancadas naturais, formadas pelos gramados do autódromo e a grande quantidade de estruturas de equipamentos da equipe técnica do festival, atrapalhando a visão dos fãs.

Filas nos banheiros

As filas para ir ao banheiro foram alvo de reclamações de muitos fãs. Em festivais desta proporção, é natural passar por perrengues, mas as muvucas na frente dos sanitários pareceram bem maiores do que as de eventos deste porte. Ter dificuldade para ir ao banheiro no intervalo de shows importantes ou logo depois de apresentações muito aguardadas costuma ser mais complicado, é claro. O problema é que a ida ao sanitário era cercada de contratempos também durante os shows.

Plateias vazias

Wet Leg toca 'Wet Dream' no The Town

Foram muitos os casos de shows certos nos horários e lugares errados. O soul contagiante de Leon Bridges e o indie rock carismático do Wet Leg deram azar: tocaram para plateias vazias no palco The One. Esses foram dois exemplos de shows que poderiam ter acontecido mais cedo, sem a concorrência de atrações principais. Os fãs preferiram ficar sentados perto do palco principal do que conhecer uma boa novidade.

O palco de eletrônica, o New Dance Order, teve ainda mais problemas para lotar o espaço. No domingo (10), havia menos de 20 pessoas em uma das festas que aconteceram durante o show de Bruno Mars. Com cerca de um quilômetro e meio de distância da principal área do festival, o palco de eletrônica é o mais afastado do evento, o que contribui para que seu público seja menor em relação aos demais. Se as últimas apresentações do palco de festas e DJs fossem após os headliners, o público poderia ser maior. Ao menos, combinaria com a energia de "after" famosa na cena eletrônica.

O que diz o festival?

O g1 também selecionou dúvidas do público do festival para serem respondidas por Roberta Medina, vice-presidente do evento (veja no vídeo do topo).

Público - Por que o telão do palco principal é tão pequeno?

Roberta Medina - Ele não ficou tão pequeno. O palco, na verdade, é maior do que o palco do Rock in Rio em termos de cenografia. O telão do Rock in Rio tem 8,5 metros por 8 metros e esse aqui tem 10,5 metros por 6 metros. Ele é ligeiramente mais estreito, mas ele é mais largo. E por quê? O Rio é mais alto, mas a captação de imagem é 'wide', aí ele não aproveita a parte de baixo de qualquer forma, teria que ser um equipamento específico e que pode interferir na performance do artista. A gente optou por ir pro 'wide' mesmo.

Agora, se o pessoal quer, a gente vai avaliar se tem que ser maior na próxima, não tem problema, mas acho que ficou bacana. Podemos aumentar, a gente vai aprender muito com esse terreno. A gente entendeu agora como é que as pessoas circulam. A gente, com certeza, vai pensar em posicionamento de palco de forma diferente. Tem o compromisso da prefeitura de continuar investindo no espaço para dar mais conforto do público. Tem muitos aprendizados.

Palco Skyline, no The Town

Divulgação/The Town

Público - Existe a possibilidade de ter um dia só de metal?

Roberta Medina - Existe sempre. A gente já teve um Rock in Rio com três dias de metal. E aí tem muito mais a ver com a disponibilidade de agenda de artistas para compor um dia da dimensão do The Town do que da nossa própria vontade. A gente adora.

Público - Como funciona e quais são os critérios quando precisa repor uma banda que cancelou?

Roberta Medina - O primeiro ponto é quando foi o cancelamento em relação a data do show, para saber se a organização, seja ela qual for, tenha tempo de reagir. A gente opta por sempre tentar substituir. Existem situações em que a substituição não é possível.

Aconteceu em Las Vegas, a gente tirou um artista do Revolution Stage e passou para o Palco Mundo. Você vai gerindo a grade do dia, se não for possível substituir.

Joss Stone se apresenta no The Town 2023

Divulgação

Quando se tem mais antecedência, ainda tem algum tempo de consultar o mercado e ver qual é o artista daquela linha de atuação que poderia vir. Aí, volta para o ponto zero a curadoria para aquele espaço. Então, depende muito da situação do cancelamento. Agora, é uma dor de cabeça gigantesca.

Nós adotamos como critério que se um headliner do Palco Mundo ou do Skyline cancelar a gente abre a possibilidade de pedir reembolso para quem não vai ao evento. Se a pessoa entrou aqui, 75% da experiência é o resto. Mas a gente entende, a gente sabe que o headline move a escolha do dia. Quando é um artista do resto da grade, aí já não faz sentido porque a oferta é muito maior e aí já não se coloca o reembolso.

Público - Por que tem tantas ativações no meio da passagem do público?

Roberta Medina - Na verdade tem três ativações, ou quatro, que ficaram ali em uma reta, que ficou mais constrangida de circulação e é verdade. A gente já identificou isso e estamos trabalhando com a prefeitura nas próximas obras que estão planejadas, agora conhecendo o parque e vendo como funciona a circulação do público, para que isso não se repita, porque não é bom para ninguém e é desconfortável.

O que a gente já pôde fazer é: como a gente tem uma via de saída de emergência atrás, o que a gente tem feito pontualmente, ao longo do dia, é na hora termina o show no Skyline, abre essa via, escoa o pessoal que quer passear para o resto do parque, fecha a via e tira aquela pressão. Definitivamente, é nosso calcanhar de Aquiles.

Público - Por que a organização optou por uma única entrada, enquanto outros festivais oferece várias?

Roberta Medina - A gente tem duas entradas, não é uma só. Tem o portão pra galera que vem do trem e tem o portão pra galera que vem de ônibus ou pelos aplicativos e taxis, que param no bloqueio. Então, são duas grandes entradas.

Na entrada do ônibus tem uma alteração física do lado de fora que vai ser feita que vai fazer o acesso ficar mais agradável. A gente não tem nenhum desafio em termos de volume de entrada. No domingo passado e neste, até umas 5 horas da tarde vão ter umas 80 mil pessoas aqui dentro, o que é muito rápido. Não é um problema de catraca.

Fila para o segundo dia do festival The Town em SP

Paola Patriarca/g1

O que a gente identificou? O público de São Paulo chega bem cedo. A gente viu que algumas pessoas já não lembravam do horário às 2 da tarde e então a galera chegou às 10 da manhã e o portão só abre às 2. Ficou 4 horas na fila. Mas não é um problema de fila, é porque chegou muito cedo.

Entendendo isso, durante a semana, depois do primeiro fim de semana, reforçar a abertura às 2 da tarde. Quinta e sábado foram muito suaves, ninguém ficou esperando. Hoje [domingo, 10], o público é muito animado e eles chegaram cedo de novo. A gente conseguiu abrir 40 minutos mais cedo para tirar a galera lá de fora, mas era para abrir às 2 horas da tarde.

A gente já aprendeu que a festa em São Paulo tem que começar mais cedo, porque no Rio a galera chega a partir do meio-dia.

The Town 2023: Vídeos do 5º dia de festival


FONTE: G1 Globo


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