Alegações de Trump são a base da tentativa republicana de destituir Biden

12 set 2023
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Donald Trump foi submetido a um julgamento político no final de 2019 por chantagear a Ucrânia em uma tentativa infrutífera de expor o histórico sujo de seu rival na eleição, Joe Biden. Quatro anos depois, os republicanos alegam ter encontrado um pretexto para impugnar o atual presidente.

Eles alegam que, quando era vice-presidente, Biden se beneficiou pessoalmente dos negócios de seu filho Hunter no exterior.

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, anunciou nesta terça-feira (12) que ordenaria uma investigação para destituir o líder democrata, uma medida exigida há meses por Trump e seus apoiadores de direita no Congresso.

No entanto, ao contrário das ações bem documentadas de Trump que respaldavam um impeachment, os democratas - e até alguns republicanos - afirmam que o presidente do Comitê de Supervisão da Câmara, o republicano James Comer, ainda não possui evidências de irregularidades de Biden.

- Os lucrativos trabalhos de Hunter -

James Comer alega que a "família Biden" - sem nomear o presidente - e seus "associados" receberam mais de US$ 20 milhões (aproximadamente R$ 100 milhões) em pagamentos de entidades estrangeiras.

Enquanto Hunter Biden tinha ligações comerciais na China, Cazaquistão, Romênia e outros países, o anúncio da investigação de McCarthy se concentrou em seus negócios com a empresa de energia ucraniana Burisma.

Hunter obter um cargo lucrativo no conselho dessa empresa em 2014, quando seu pai era vice-presidente de Barack Obama e supervisionava a política dos EUA em relação ao país.

O dono da Burisma era Mykola Zlochevsky, um poderoso oligarca afundado em acusações de corrupção, tanto dentro quanto fora da Ucrânia.

Embora Hunter Biden seja formado em Direito por Yale e tivesse alguma experiência em negócios e finanças, não estava claro o que ele poderia contribuir para a Burisma em troca de US$ 1 milhão (R$ 5 milhões) por ano.

- Biden exige saída de promotor -

Em 2014, os ucranianos se revoltaram e derrubaram o presidente Viktor Yanukovych, apoiado por Moscou. Naquele ano, uma profunda crise econômica começou na Ucrânia, que buscou ajuda internacional.

Mas o FMI reteve o novo financiamento e Washington suspendeu uma garantia de empréstimo de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) até que o recém-eleito presidente, Petro Poroshenko, tomasse medidas contra a corrupção.

Em reuniões com Poroshenko em dezembro de 2015 e janeiro de 2016, Biden disse que o apoio financeiro não avançaria a menos que ele demitisse o procurador-geral Viktor Shokin, que supostamente continuava protegendo oligarcas ucranianos corruptos, incluindo Zlochevsky.

"Eu os olhei e disse: 'Estou saindo em seis horas. Se o promotor não for demitido, você não receberá o dinheiro'", relatou Biden em 2018.

"Bem, filho da mãe. Ele foi demitido", acrescentou.

Com Shokin fora, as propriedades de Zlochevsky foram revistadas pelo Ministério Público.

- Trump busca sujeira sobre Biden -

Em janeiro de 2017, Biden deixou o cargo e Trump se tornou presidente.

Em 18 meses, ficou claro que Joe Biden disputaria a Casa Branca em 2020.

Trump, cuja reeleição estava ameaçada, enviou seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, a Kiev para buscar informações sobre os Biden no início de 2019.

Quando os esforços de Giuliani foram frustrados, Trump intensificou a pressão sobre o sucessor de Poroshenko, Volodimir Zelensky, congelando US$ 400 milhões (R$ 2 bilhões) em ajuda militar.

Em uma ligação telefônica em 25 de julho, Trump aludiu ao apoio dos EUA e instou vigorosamente Zelensky a investigar os Biden e anunciar os resultados.

Essa ligação se tornou a base do primeiro julgamento político de Trump, por considerar que ele havia solicitado ilegalmente a interferência estrangeira nas eleições americanas, que ele acabou perdendo para Biden.

- A "marca" Biden -

Quando os republicanos conquistaram o controle da Câmara dos Representantes nas eleições de meio de mandato de 2022, os aliados de Trump obtiveram as ferramentas legais para se vingar.

Após oito meses de investigação, o Comitê de Supervisão de James Comer inverte a história da demissão do promotor Shokin.

Eles alegam que Shokin era uma ameaça para a Burisma e que a pressão de Biden visava proteger a empresa e seu filho, beneficiando-os economicamente.

Graças a registros obtidos pelo FBI e pelo Departamento de Justiça e a testemunhas, Comer conseguiu detalhar grandes somas de dinheiro destinadas a Hunter Biden e seus parceiros, mas nada que envolva o presidente Biden.

Em vez disso, o comitê diz que a investigação se concentra no "tráfico de influência" daquilo que Trump chama repetidamente de "família do crime Biden".

A investigação "revela que Joe Biden permitiu que sua família o vendesse como 'a marca' em todo o mundo para enriquecer", informou nesta terça-feira.


FONTE: Estado de Minas


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