Enfermeira que ajudou a ‘resgatar’ homem a mais de 2 mil metros de altitude para receber rim festeja: ‘vai vir tomar café com a gente’
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Funcionária de clínica de atendimento a pacientes renais de Petrópolis disse que Ricardo Medeiros sempre realizava diálises com alegria e disposição. Para que ele recebesse o novo rim, seria necessário descer a Serra dos Órgãos, na Região Serrana do Rio, e chegar em Juiz de Fora (MG) em apenas 3 horas. Bombeiros foram buscar Ricardo Medeiros de Oliveira na Pedra do Sino para que ele pudesse fazer transplante em MG
Redes Sociais/Reproduçaõ Anos e anos de uma difícil rotina, que exigia 12 horas semanais de diálise, suavizada por uma relação carinhosa com funcionários – inclusive com direito a bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro levada à equipe. De setembro de 2011 a setembro de 2023 foi assim o contato entre o paciente renal Ricardo Medeiros e clínica que o recebia três vezes por semana, em Petrópolis. Por ironia do destino, no mesmo dia em que o condutor de atrativos naturais era transplantado em Juiz de Fora, a Renalle, que ofereceu todo atendimento a ele por mais de uma década, completava 22 anos de existência. “Um verdadeiro presente, de exaltação ao trabalho humanizado e à energia que todos tiveram com ele e todos os outros pacientes”, festejou o médico nefrologista e diretor de clínica Maurício Younes. O transplante ganhou repercussão pela mobilização envolvida para que Ricardo conseguisse descer do Alto da Serra dos Órgãos, a mais de 2 mil metros de altura, e chegasse em Juiz de Fora em até três horas para receber o tão aguardado rim. Para isto, o Corpo de Bombeiros também participou da missão, “resgatando-o” e transportando-o até a cidade mineira - distante aproximadamente 150km. Confira o vídeo que mostra ele entrando na aeronave. Guia recebe ligação para transplante no topo de montanha e é resgatado de helicóptero “A gente não aceitava o não como resposta” "Já avisamos outros pacientes sobre o encontro do doador, mas com essa mobilização toda foi a primeira vez”, disse a enfermeira Cintia Teixeira. Ela explicou ao g1 como foram os momentos seguintes à ligação recebida da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, que informava sobre a oferta de um rim compatível para Ricardo. “A médica de Juiz de Fora ligou para assistente social, que fez contato com a Maitê [Simas], nossa recepcionista. A gente sabia que ele tinha costume de fazer trilha no sábado e fomos tentando [ligar]. Naquela urgência, a Maitê também enviou mensagens para ele nas redes sociais”. Vários outros funcionários – e até mesmo familiares da equipe – se empenharam na missão de avisar o paciente e, depois, acionar os bombeiros para buscá-lo de helicóptero no alto da Pedra do Sino, na Serra dos Órgãos. “O Ricardo estava há anos fazendo diálise, e a gente queria muito que ele recebesse aquele rim. A gente não aceitava o não como resposta”, disse Cintia. Com a cirurgia bem-sucedida, o sentimento vivido pela equipe ao longo de toda semana, diante da repercussão da história, é de gratidão. Inclusive pelo carinho trocado nos vários anos de atendimento. “O Ricardo entrava na máquina por volta das 7h30, segunda, quarta e sexta-feira, e ficava nela por quatro horas. Ele sempre foi especial, recentemente trouxe bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro para gente. Estamos orgulhosos”. Segundo Cintia, o agora ex-paciente da Renalle trocou mensagens com ela na sexta-feira (29) dizendo estar bem, na fase final da recuperação até receber a alta médica. “Hoje mandou mensagem dizendo que tá bem, que vai vir tomar um café com a gente”. Sempre alegre e bem disposto, o paciente esteve dias antes do transplante na festinha de aniversário promovida pela clínica Renalle/Divulgação Mais de 300 dias vividos dentro da clínica Em 12 anos de atendimento, se somadas todas as horas de diálise, foram mais de 300 dias dentro da clínica, calculou o médico nefrologista e diretor de clínica Maurício Younes. “Foi também mais de 150 mil litros de sangue filtrado”, apontou ele, que destacou a estrutura de hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e toda a rede nacional de transplante. “A gente tem que enaltecer o SUS, que o manteve vivo com o rim prejudicado por tantos anos”, destaca. “Enaltecer também a rede nacional de transplantes. Para você ver: ele é de Petrópolis, Rio, e foi para Juiz de Fora, em Minas, cidade que, só neste ano, tivemos oito pacientes transplantados. Temos um dos programas mais eficientes do mundo, apesar de todas as dificuldades. Vale ressaltar que a diálise é universal, que qualquer paciente, com convênio ou sem convênio, brasileiro ou não, tem acesso. Poucos países no mundo têm isso”, reforça. Ricardo Medeiros de Oliveira passou por transplante na Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora Santa Casa de Misericórdia/Divulgação O nefrologista fez questão de destacar o esforço conjunto do último sábado (23) para o sucesso do transplante. “A boa causa uniu também vários segmentos. Imagina se não tivesse o helicóptero do Corpo de Bombeiros. Foi uma corrente muito forte, da assistente social, da telefonista, da enfermagem, dos bombeiros, de muita gente”, orgulha-se. Bombeiros com Ricardo Medeiros de Oliveira, transplantado na Santa Casa de Juiz de Fora g1 Para ele, a felicidade em celebrar os 22 anos de clínica no dia do transplante foi o grande presente para todos. “Se para os bombeiros, que em torno de duas horas levaram o Ricardo para o transplante foi um motivo de tanta alegria, imagina para gente que está há 12 anos cuidando dele”. Esforço de médicos e bombeiros dá vida nova para homem que passou 9 anos na fila de espera por um rim ⚠️ A comunidade e grupo de notícias do g1 Zona da Mata serão desativados. Se inscreva no canal para seguir recebendo as notícias da região direto no seu WhatsApp! 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