Hamas faz ataque surpresa, Israel revida e 400 morrem
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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou guerra após o grupo extremista islâmico Hamas lançar um ataque surpresa e de grande escala neste sábado (7/10), numa ação que já é considerada uma das maiores ofensivas contra o país nos últimos anos. Ao menos 200 israelenses morreram, enquanto 230 palestinos também foram mortos durante a retaliação de Tel Aviv. O número de feridos pode ultrapassar as 3 mil vítimas, segundo autoridades israelenses e do enclave palestino.
Em mensagem de vídeo, Netanyahu disse que o grupo extremista islâmico que controla a Faixa de Gaza pagará "um preço sem precedentes" pela ofensiva, que teria usado mais de 5.000 foguetes. "Estamos em guerra. Esta não é uma operação simples", afirmou.
Em resposta ao ataque, o governo de Netanyahu declarou estado de guerra e iniciou bombardeios contra diversas localidades na Faixa de Gaza, deixando ao menos outros 230 mortos e 1.600 feridos, segundo as autoridades do enclave palestino.
A ofensiva surpresa, que acontece exatamente 50 anos após o início da Guerra do Yom Kippur, combinou a infiltração de homens armados em cidades israelenses com uma saraivada de foguetes, disparados da Faixa de Gaza. Segundo as Forças Armadas de Israel, dezenas de militantes se infiltraram por terra, mar e ar, alguns dos quais com a ajuda de parapentes.
Trata-se de uma infiltração sem precedentes de um número desconhecido de homens armados do Hamas em Israel a partir de Gaza, e uma das mais graves escaladas no conflito israelo-palestino em anos. O último grande conflito entre Israel e Hamas foi uma guerra de 10 dias em 2021.
Pelo menos 40 israelenses foram mortos nos ataques, e outros 750 ficaram feridos, segundo os serviços de ambulâncias de Israel. Os números devem aumentar.
Também de acordo com a imprensa de Israel, cerca de 50 israelenses foram feitos reféns pelo Hamas no kibut de Beeri, próximo à fronteira com a Faixa de Gaza. Para a emissora Al Jazeera, um dos líderes do Hamas, Saleh Al-Arouri, afirmou que há vários oficiais entre os capturados.
A imprensa israelense relatou tiroteios entre bandos de combatentes palestinos e forças de segurança em cidades do sul de Israel. O chefe da polícia de Israel disse que houve "21 cenas ativas" no sul de Israel, indicando a extensão do ataque.
Em Gaza, o barulho dos lançamentos de foguetes pôde ser ouvido e os moradores relataram confrontos armados ao longo da cerca de separação com Israel, perto da cidade de Khan Younis, no sul, e disseram ter visto um movimento significativo de combatentes armados.
O Hamas disse que a ofensiva foi motivada pelos "ataques crescentes" de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses. O comandante militar do grupo, Mohammad Deif, anunciou o início da operação numa transmissão nos meios de comunicação do Hamas, apelando aos palestinos de todo o mundo para que lutassem. "Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação na Terra", disse ele.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que "Israel vai ganhar esta guerra" e que as tropas do país estão lutando contra o inimigo em todos os locais. Ele autorizou a convocação de reservistas. Segundo o Exército, soldados israelenses já estão operando dentro de Gaza.
A imprensa de Israel informou que homens armados abriram fogo contra pedestres em Sderot, e imagens nas redes sociais pareciam mostrar confrontos nas ruas da cidade, bem como homens armados em jipes vagando pelo campo.
Os meios de comunicação do Hamas exibiram vídeos do que seriam corpos de soldados israelenses trazidos para Gaza por combatentes, homens palestinos armados dentro de casas israelenses e percorrendo uma cidade israelense em jipes dos agressores. Também informaram que vários israelenses foram tomados como prisioneiros.
Yousef Abu al-Rish, principal autoridade de saúde palestina em Gaza, disse que não havia um número preciso de vítimas, mas que dezenas de palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos. (Folhapress)
CRONOLOGIA DA FAIXA DE GAZA
1948: Milhares de refugiados palestinos se estabelecem na Faixa de Gaza em meio à guerra que se seguiu à declaração de independência de Israel. Território passa a ser controlado pelo Egito
1967: Israel ocupa a Faixa de Gaza e outros territórios árabes na Guerra dos Seis Dias
1973: Países árabes lançam ataque contra Israel na Guerra do Yom Kippur. Faixa de Gaza segue sob ocupação israelense
1993: Acordos de Oslo estabelecem compromisso em criar um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas o plano nunca chega a ser cumprido
2005: Israel anuncia a retirada de colonos judeus e de soldados da Faixa de Gaza
2007: Grupo extremista islâmico Hamas expulsa rivais do Fatah e passa a governar a Faixa de Gaza. Israel impõe bloqueio por terra, ar e água contra o território
2008, 2012 e 2014: Guerras recorrentes na Faixa de Gaza envolvendo bombardeios israelenses e disparos de foguetes pelo Hamas deixam milhares de mortos
2018: Residentes da Faixa de Gaza fazem série de protestos perto da fronteira com Israel, na chamada Marcha do Retorno. Atiradores israelenses matam centenas de manifestantes
2021: Nova guerra entre Israel e o Hamas deixa centenas de mortos na Faixa de Gaza
2023: Hamas rompe bloqueio e lança ataque surpresa por terra, água e ar contra Israel, que reage com bombardeios e declaração de guerra
FONTE: Estado de Minas