Vítima de bulling, estudante mata colega na escola

24 out 2023
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São Paulo – Um adolescente de 16 anos matou uma aluna e feriu duas, na manhã de ontem, na Escola Estadual Sapopemba, no Jardim Sapopemba, Zona Leste de São Paulo, na manhã de ontem. Estudante do 1º ano do ensino médio do colégio, ele era vítima de bullying de colegas. Uma câmera de segurança registrou o momento em que ele entra em uma sala cheia de alunos e atira. Giovanna Bezerra, de 17, morreu com um tiro na cabeça. As duas feridas foram levadas para o pronto-socorro do Hospital Sapopemba – uma já recebeu alta. Um terceiro estudante, que se feriu ao fugir, também foi socorrido e já foi liberado. O agressor se entregou à polícia.
 
Um aluno do 2º ano disse à reportagem que o atirador era conhecido por todos da escola e que era constantemente humilhado por ser gay e ter um estilo diferente. Jéssica Mattos, mãe de uma estudante da escola, contou que adolescente era constantemente alvo de humilhações e agressões: “Ele era alvo de bullying. Tem um vídeo que mostra ele sendo agredido fora da escola, que era usado para humilhá-lo”. A filha de Jéssica estava na escola no momento do ataque e revelou que os estudantes se esconderam nas salas, trancaram as portas e colocaram cadeiras para evitar que o atirador entrasse. “Eles ficaram escondidos dentro das salas até que uma funcionária apareceu para orientá-los a sair da escola”, informou.
 
Um vídeo gravado dentro de uma sala de aula mostra o adolescente sendo agredido por duas meninas. Ele leva vários tapas no rosto e puxões de cabelo e revida as agressões, puxando as meninas pelos cabelos e as empurrando. Segundo alunos da escola, o vídeo teria sido gravado há cerca de três meses. Ainda de acordo com estudantes, as alunas envolvidas não foram feridas no ataque de ontem. Outro aluno contou que o atirador se envolvia constantemente em brigas dentro e fora da escola. O motivo seriam provocações que ele fazia a colegas nas redes sociais e bullying relacionado à sua orientação sexual.
 
Em entrevista coletiva, o secretário da Educação, Renato Feder, disse que o atirador não era identificado pela escola como agressor e não foi atendido por psicólogas. Segundo ele, o adolescente participou de uma briga, em junho, que motivou a chamada dos pais para a escola. A escola começou a ser atendida em agosto por uma psicóloga, mas o aluno atirador não chegou a ser encaminhado para atendimento.
 
O advogado Antonio Edio, que representa o atirador, disse que ele praticou o crime na tentativa de resolver o bullying e a homofobia que sofria. O jovem foi detido pela PM e levado para o 70º DP (Sapopemba). “Ele me narrou que, já não aguentando mais essa situação de homofobia que sofria na escola, resolveu pegar uma arma de fogo [revólver calibre 38] que estava na casa do pai dele, arma que pegou escondido, sem a ciência do pai, e veio para a casa da mãe, sem que a mãe tivesse conhecimento. Cedo foi para a escola e resolveu fazer isso”, disse o advogado.
 
Segundo Edio, o adolescente sofria bullying por ser homossexual, e as agressões teriam aumentado a partir do momento em que o adolescente começou a usar roupas femininas. O aluno contou ainda que não tinha intenção de atirar na aluna que morreu, já que ela não participava das agressões contra ele. O advogado informou também que em abril a mãe do atirador registrou boletim de ocorrência sobre as agressões sofridas. “A mãe registrou boletim de ocorrência dessa homofobia. Levou ao conhecimento da escola, mas a única coisa que a escola fez foi dizer para a mãe trocar [o filho] de escola", disse o advogado.
 
A investigação da Polícia Civil trabalha com a hipótese de que mais pessoas tenham participado indiretamente do ataque à escola. De acordo com um policial que atua no caso, outras quatro pessoas podem ter atuado de alguma forma no ataque, além do aluno de 16 anos. O atirador estava em um grupo do Discord, plataforma de mensagens popular entre jovens e jogadores de videogames que está envolvida em várias denúncias contra grupos que promovem conteúdo de ódio e incitação a assassinatos.
GOVERNO
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reconheceu que o governo falhou no ataque a tiros dentro da escola. Ele disse que seu sentimento diante do caso é de frustração, incapacidade e impotência. Afirmou ainda que será necessário aumentar os meios de prevenção de ataques armados a escolas, apesar de já ter anunciado providências desde março, quando uma professora morreu com golpes de facada na escola estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste da cidade.
 
Ele ressaltou que a unidade em Sapopemba contava com ronda escolar e atendimento com uma psicóloga. “É um momento de a gente fazer uma profunda reflexão sobre a efetividade daquilo que a gente têm colocado em prática desde a ocorrência em março, no Thomazia [Montoro], lá na Vila Sônia, e infelizmente a gente se depara de novo com essa situação”, disse Tarcísio.
 
Ele e o secretário de Educação, Renato Feder, disseram que pretendem contratar mais psicólogos para atendimentos na rede de ensino. Eles não disseram quantos profissionais seriam contratados nem em quanto tempo. Hoje são 550 psicólogos que atendem alunos na capital paulista. Cada um atende, em média, dez escolas diferentes com a opção de ficar um turno ou o dia inteiro em uma escola.
 
O governador disse que, na unidade em Sapopemba, haviam sido feitos 15 atendimentos nos últimos meses. Ele também disse que 175 tentativas de ataques foram evitadas com sucesso pela polícia desde março.

FONTE: Estado de Minas


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