Tia de criança que morreu com sintomas de doença bacteriana em São João del Rei cita ‘vazio’ e questiona falta de diagnóstico

25 out 2023
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Kamilla de Melo Silveira, de 10 anos, foi sepultada na terça-feira. Causa da morte da menina será descoberta após análise de amostra na Funed, em Belo Horizonte. Outras duas mortes estão em investigação e podem ter sido provocadas pela bactéria Streptococcus pyogenes. Kamilla de Melo Silveira foi enterrada em São João del Rei nesta terça-feira

Robson Panzera/TV Integração

Conforme informações da família de Kamilla de Melo Silveira, um intervalo de aproximadamente quatro dias separou os primeiros sintomas até a confirmação do falecimento da menina, de apenas 10 anos, na Santa Casa de Misericórdia de São João del Rei.

O óbito, ocorrido na última segunda-feira (23), é investigado pela Secretaria de Saúde do município, que aguarda resultados de exames para saber se a morte dela e de outras crianças estão relacionadas à infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes.

Em nota técnica, publicada nesta terça (24), a pasta confirmou que uma outra menina, de 9 anos, teve contaminação pela bactéria. Ela ficou hospitalizada por 16 anos, evolui bem e teve alta hospitalar. Outros dois óbitos de crianças foram registrados em um intervalo de 30 dias.

Já Kamilla teve os primeiros sintomas na quinta-feira, iniciou vômitos no domingo, foi levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, de lá, transferida com quadro mais grave para a Santa Casa de São João del Rei.

Em entrevista à TV Integração durante o sepultamento dela no Cemitério das Mercês, Roseline Guimarães, tia da menina, fez duras críticas à Santa Casa e à falta de vagas na UTI neonatal, situação que obrigou a família a procurar a polícia e registrar um boletim de ocorrência.

Conforme ela, a demora na transferência da criança causou a piora do quadro.

“O quadro dela evoluiu e, de 2h30min às 7h, ela estava morta. Não tenho nem o que explicar”.

Ainda de acordo com ela, antes da transferência, a informação recebida pela família era de que a menina estava com infecção generalizada.

Santa Casa em São João del Rei

UFSJ/Divulgação

“Em relação a diagnóstico, não tivemos na Santa Casa. Então, de que que a Camila morreu? A gente não sabe. O diagnóstico foi de infecção generalizada da UPA, mas no laudo da Santa Casa está outro, de insuficiência cardíaca”, questiona.

O g1 fez contato com a Santa Casa de Misericórdia, mas não conseguiu falar com o setor responsável por atender a imprensa.

Falta de respostas

De acordo com Roseline, diante do aumento dos casos, aumenta também a preocupação das famílias. “Tem que saber o que está acontecendo. Alguém tem que fazer alguma coisa. Ela não é a primeira criança com esses sintomas que falecem aqui em São João. Tem mais crianças internadas com isso”.

A tia da menina pede agilidade no diagnóstico para que outros familiares não sofram com a perda das crianças.

“Para a gente vai ficar um vazio tão grande e ainda mais sem ter diagnóstico do que aconteceu. Não tivemos nem chance de sair com ela, ir com ela para outro lugar, procurar ajuda em outro lugar. Não tivemos nem chance disso. Eu não desejo isso para a família o que a gente tá vivendo hoje”.

A Secretaria de Saúde informou que a causa da morte de Kamilla está sob investigação e só será confirmada após análise de amostra enviada à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte

Outros hospitalizados

Na terça, a informação da Prefeitura era de que quatro crianças estavam internadas em hospitais da cidade, com acompanhamento da Secretaria de Vigilância em Saúde.

A Secretaria de Saúde, no entanto, destacou que não há vínculo epidemiológico e que o Município não enfrenta um surto causado pela bactéria Streptococcus pyogenes.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde também reforçou que não há critérios que comprovem surto ou risco à saúde da população ou nenhuma evidência epidemiológica que justifique a alteração na rotina das atividades da população.

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Mesmo assim, as aulas da rede municipal foram suspensas, com previsão de retorno somente no dia 6 de novembro. Neste período, as instituições passarão por uma desinfecção e limpeza generalizada.

Além disso, médicos da pública do município vão receber capacitação para detecção e tratamento de casos suspeitos de infecção.

Medidas de higiene e desinfecção

Diante da situação, a Secretaria de Saúde recomendou medidas protetivas como:

Higienização das mãos, uso do álcool 70%, separar para as crianças os utensílios de uso individual (copinho, garrafinhas, talheres, etc.), orientando o não compartilhamento dos mesmos com os coleguinhas;

a consulta de todos os casos sintomáticos, bem como diagnóstico, isolamento e tratamento adequado e oportuno.

Informar e orientar sobre o risco de doença invasiva entre os contatos domiciliares de casos de escarlatina, enfatizar sobre a higienização apropriada das mãos, e a ventilação interna adequada como medidas de proteção adicionais.

Aos profissionais que atenderem pacientes com os sintomas acima mencionados, comunicar ao sistema de vigilância todas as formas incomuns e imprevistas de infeção por esse agente (formas invasivas, surtos).

Em caso de internação hospitalar, devem ser implementadas precauções para gotículas. Os profissionais de saúde devem sempre seguir as precauções padrão;

Adicionalmente, sugere-se estimular a população a completar a vacinação contra Covid-19 e as vacinas do Cartão Nacional de Vacinação, de acordo com o calendário nacional em vigor, e incentivar o cumprimento das medidas de prevenção dirigidas ao SARS-COV-2, especialmente em relação ao uso de máscara.

Em caso de dúvidas, a orientação é procurar uma unidade de saúde de referência mais próxima, a Secretaria Municipal de Saúde ou o CIEVS através do telefone (31) 99744-6983.

Pelo menos uma criança tem infecção por bactéria em São João del Rei

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FONTE: G1 Globo

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