Deputados russos aprovam aumento de 70% nos gastos militares

26 out 2023
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Os deputados russos aprovaram, nesta quinta-feira (26), em primeira leitura, o projeto de orçamento 2024-2026, que prevê um aumento de 70% nos gastos de Defesa em 2024, para financiar as operações da Rússia na Ucrânia.

No total, 320 deputados da Duma votaram a favor, e 80, contra, um sinal da determinação de Moscou de continuar suas operações na Ucrânia, apesar do custo humano e econômico.

O orçamento de 2024 "está voltado para o nosso objetivo principal: garantir nossa vitória", disse o ministro das Finanças, Anton Siluanov, aos deputados nesta quinta-feira, antes da votação.

"Tudo pelo 'front', tudo pela vitória!", disse Leonid Slutski, presidente do partido ultranacionalista LDPR e da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma.

Em setembro, o Kremlin considerou esta explosão de gastos "absolutamente necessária" para contra-atacar a "guerra híbrida" que, na sua opinião, o Ocidente trava ao apoiar Kiev.

"De certa forma, a guerra se tornou existencial para a economia russa, já que a maior parte da demanda está agora concentrada no setor industrial-militar", disse à AFP Alexandra Prokopenko, pesquisadora que já trabalhou no Banco Central Russo (BCR).

Como consequência, o conflito na Ucrânia tem um forte impacto no orçamento, especialmente devido à explosão das encomendas militares, ao custo da logística e aos salários do Exército.

Segundo o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, o Exército russo distribui "10 mil, às vezes até 15 mil toneladas de material" diariamente.

De acordo com um documento do Ministério das Finanças consultado pela AFP no final de setembro, os gastos com defesa aumentarão 68% em 2024, em comparação com 2023, atingindo 10,8 trilhões de rublos (cerca de 115 bilhões de dólares, ou 574 bilhões de reais, na cotação atual).

O montante destinado à Defesa representará cerca de 30% dos gastos federais em 2024, e 6% do PIB, algo sem precedentes na história moderna da Rússia.

- Eleições presidenciais -

O orçamento de 2024 também permitirá "a integração de novas regiões", territórios no leste e no sul da Ucrânia, os quais Moscou reivindicou como anexados há mais de um ano, segundo o Ministério das Finanças.

Apesar dos gastos significativos com a defesa, o Estado está confiante no cumprimento de todas as suas obrigações sociais, a poucos meses das eleições presidenciais que acontecerão em março de 2024, nas quais Vladimir Putin deve se candidatar.

No total, os gastos federais aumentarão a 36,6 trilhões de rublos (cerca de 385 bilhões de dólares, ou 1,9 trilhão de reais), um salto espetacular de mais de 20% em comparação com 2023.

Apesar das sanções ocidentais, a Rússia continuou obtendo enormes receitas com suas exportações de petróleo e gás, que redirecionou para países como China e Índia.

Por um lado, o governo também se beneficiou da fraqueza do rublo, porque significa que o Kremlin ganha mais com suas exportações. Nas suas previsões orçamentárias, o Ministério das Finanças prevê que um dólar valerá cerca de 90 rublos. A moeda era negociada a 93,5 nesta quinta-feira.

Por outro, a volatilidade do rublo alimentou a inflação no país, levando o Banco Central a aumentar as taxas de juros para 13%, em uma tentativa de conter a rápida escalada dos preços.

O aumento previsto dos gastos "é inflacionário, independentemente da forma como é financiado" e "constitui (...) um choque externo para a economia", alertou o economista russo Viktor Tuniov.

O projeto passará por mais duas leituras na Câmara Baixa russa antes de ir para a Câmara Alta para aprovação e, depois, para a assinatura de Putin.


FONTE: Estado de Minas


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