‘Um dia de cada vez’: a luta de bebês prematuros que chegam a nascer com 600 gramas e ficar anos na UTI

26 nov 2023
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Neste ano, 153 bebês nasceram prematuros no Hospital Regional Dr. João Penido, em Juiz de Fora. Para lembrar a importância do debate sobre o nascimento precoce e realização de pré-natal, foi criada a campanha 'Novembro Roxo'. Mais de 150 bebês prematuros nasceram no Hospital Dr. João Penido, em Juiz de Fora, neste ano

Anni Sieglitz/Agência Minas

De janeiro a setembro deste ano, 153 bebês nasceram prematuros no Hospital Regional Dr. João Penido, em Juiz de Fora. Para lembrar a importância do debate sobre o nascimento de bebês prematuros e os cuidados que as mães devem ter desde o pré-natal, foi criada a campanha "Novembro Roxo".

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A economista doméstica Maria Custódia Cruz, de 43 anos, conhece bem a sensação de ver o filho nascer antes do tempo.

Maria Júlia, hoje com 5 anos, nasceu prematura de 25 semanas e com apenas 675 gramas, o que a classificava como prematura extrema, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A menina veio ao mundo de forma antecipada em 19 de outubro de 2018 e, ao longo de 2 anos, 4 meses e 25 dias, a família, que é de Viçosa, “morou” no Hospital Regional João Penido.

Bebê Maria Júlia durante comemoração do aniversário de 1 ano dentro do hospital, em Juiz de Fora

Maria Custódia/Arquivo Pessoal

Outro caso é o de Benício Antônio, que veio ao mundo por meio de uma cesárea de emergência. A mãe, Carina Rodrigues, de 33 anos, deu entrada na maternidade do hospital em julho, com nove centímetros de dilatação e apenas 22 semanas de gestação.

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Com empenho e experiência da equipe, Carina conseguiu "segurar" a gravidez por mais uma semana até o nascimento do filho.

Da barriga para a UTI

Maria Júlia aos 5 anos em Viçosa, onde mora com a família

Maria Custódia/Arquivo Pessoal

Maria Júlia, a Maju, como é carinhosamente chamada, foi entubaa ainda na sala de parto e levada imediatamente à UTI neonatal.

Durante a internação, foi diagnosticada com enterocolite necrosante e precisou retirar grande parte do intestino, além de ter desenvolvido a síndrome do intestino curto — doença grave e comum em prematuros extremos.

Esse distúrbio causa diarreia, má absorção de nutrientes e desnutrição, por isso a internação prolongada, de mais de dois anos.

“Ela tem sequelas como atraso na fala, no andar, na audição e convive com a síndrome. Vive com um cateter central para tentar fazer com que ela, pelo menos, mantenha o peso, porque a nutrição dela é muito complicada. Mas hoje está muito melhor, graças a Deus ela tá aqui”, conta a mãe.

O pequeno Benício também saiu da barriga da mãe direto para a UTI neonatal da unidade e, superando todas as expectativas, vem evoluindo bem, dia após dia, realizando sessões de fisioterapia e fonoaudiologia.

“O ir e vir da UTI neonatal é muito difícil. Entramos pela porta da maternidade querendo sempre uma notícia boa e nem sempre elas são. Tem dias que saio rindo, em outros saio chorando. É um sentimento de impotência”, desabafou Carina, que tem mais três filhos.

Hoje, com quase quatro meses, Benício já pesa pouco mais de três quilos. Apesar do medo e do cansaço, a mãe tem a certeza de que sairá da maternidade com o filho nos braços.

“Ele é meu ‘milagrinho’. Aprendeu a sugar, está bonito, corado e forte. Ele lutou muito para viver e continua lutando. É um dia de cada vez”, disse a mãe.

Prematuridade

O bebê é considerado prematuro se o parto acontecer antes das 37 semanas completas de gestação. A prematuridade é classificada da seguinte forma:

pré-termo: nascido antes de 37 semanas;

pré-termo tardio: entre 34 semanas e zero dia e 36 semanas a seis dias;

pré-termo moderado: entre 32 semanas e zero dia a 33 semanas e seis dias;

muito pré-termo: entre 28 semanas e zero dias a 31 semanas e seis dias;

pré-termo extremo: menor que 28 semanas e zero dia.

A prematuridade por si só não é uma doença, mas a imaturidade pode levar ao desenvolvimento de diversas patologias e complicações, como a dificuldade nos reflexos de sucção e deglutição, (que dificultam a amamentação e a nutrição adequada), problemas respiratórios, metabólicos, infecções sistêmicas, alterações neurológicas, hemorragia intracraniana, retinopatia, dentre outras patologias.

Importância do pré-natal

Um pré-natal e atendimento hospitalar adequados são fundamentais para prevenir um parto prematuro e, consequentemente, todas as possíveis complicações.

Por meio do pré-natal é possível prevenir ou detectar problemas, de forma precoce, tanto maternos como fetais.

Durante o período de acompanhamento, vários exames de sorologias, glicemias, controles pressóricos, avaliações de dados vitais de mães e fetos são realizados para se evitar o risco da prematuridade, além de serem indicadas pelo menos três ultrassonografias durante a gestação.

Em cada fase há um objetivo específico e é possível acompanhar o crescimento do bebê, sua posição no útero, a idade gestacional, identificar possíveis anomalias e prever se aquela gestação necessita de cuidados especiais.

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FONTE: G1 Globo

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