Setor de fogos de artifício promove campanha de inclusão e conscientização
AME Pirotecnia fomenta a indústria brasileira, reforça a diversão consciente e promove diálogo com setores sociais em momento de avanço das exportações para o mercado americano O uso dos fogos de artifício para diversão consciente e inclusiva neste fim de ano é tema de uma campanha promovida pela Associação Nacional dos Empresários em Pirotecnia – AME Pirotecnia. Além de chamar a atenção da sociedade para o fato de que os principais problemas atribuídos à queima de fogos de artifício estão relacionados ao mau uso do produto, e não à sua qualidade ou seus efeitos, a iniciativa também envolveu ações de responsabilidade social com a doação de mais de 4 mil protetores auriculares para organizações voltadas para pessoas inseridas no espectro autista nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.
Segundo o presidente da AME Pirotecnia, Magnaldo Geraldo Filho, a ideia da parceria partiu dessas entidades. “Recebemos uma sugestão da Carina Franco, dirigente da entidade Autismo Tupã e PCDs, da cidade de Tupã, em São Paulo. Ficamos muito sensibilizados com a compreensão delas de que o problema não estava nos fogos de artifício, mas sim na imprevisibilidade que qualquer barulho significativo e fora do comum pode despertar nas pessoas inseridas no espectro autista”, explica. “Abraçamos a causa, e viabilizamos a doação de mais de 2 mil abafadores auriculares e cartilhas informativas e preventivas que foram distribuídos entre os membros da organização. O sucesso foi tanto, que decidimos ampliar essa ação”, conta. Além da experiência em São Paulo, a AME Pirotecnia já promoveu a doação de mais de 4 mil abafadores auriculares em Minas Gerais e em Santa Catarina, onde um grande evento foi promovido no último dia 22 de novembro em parceria com a Associação dos Amigos de Autistas de Florianópolis (AMA) para a entrega dos itens. Ao final do evento, os autistas e familiares presentes assistiram a um grande show de fogos de artificio. Além das doações dos protetores, a AME também desenvolveu uma cartilha com dicas de previsibilidade para autistas e PCD’s com sensibilidade sensorial lidarem não apenas com fogos, mas com vários tipos de barulho que podem interferir no seu dia a dia. Com o êxito da iniciativa, a proposta agora é planejar uma expansão no ano de 2024. Setor de fogos de artifício promove campanha de inclusão e conscientização Ainda de acordo com o presidente da AME, durante muito tempo a indústria nacional não soube reagir a discursos com teor proibitivo. “Neste novo momento, queremos mostrar com essas ações que os problemas relacionados a fogos de artifício são, na maioria das vezes, fruto do mau uso e da imprevisibilidade. Temos acompanhado vários organismos internacionais voltados para essas pessoas com sensibilidade sensorial que mostram que é possível sim que eles também aproveitem um bom show de fogos de artifício, desde que não sejam surpreendidos e desde que estejam preparados, por exemplo com protetores”, defende Magnaldo Geraldo Filho. “Não há em outras nações uma postura proibitiva como vemos por alguns grupos no Brasil. Queremos racionalizar esse debate, para conciliar o respeito ao direito de todos com a preservação dos empregos e renda que nosso setor gera em todo o Brasil e a tradição cultural e experiência de todos aqueles que apreciam um bom espetáculo de fogos. Tenho certeza de que a maioria da população brasileira se inclui nesse grupo”, defende. Criada com o objetivo de divulgar a qualidade dos produtos pirotécnicos e a seriedade da indústria brasileira, a AME Pirotecnia busca priorizar o desenvolvimento de ações que desmistifiquem o setor. Através dessas iniciativas e de suas redes sociais, com perfil no Instagram, a organização promove a tradição cultural e uma visão mais inclusiva dos fogos de artifício, enquanto divulga dados econômicos positivos do desempenho brasileiro crescente neste mercado, que em 2023 atingiram um patamar digno de comemoração. Além do aumento nas vendas no mercado interno com a proximidade das festas de fim de ano, que desta vez promete alcançar os 30% segundo dados da AME, o setor está aquecido pela recente intensificação das exportações para os Estados Unidos. As exportações para o mercado americano, maior importador mundial de fogos de artifício, eram um antigo objetivo do polo produtivo localizado principalmente nas cidades mineiras de Santo Antônio do Monte, Lagoa da Prata, Japaraíba e Pedra do Indaiá, responsável por mais de 90% da produção nacional. Após diversas incursões, o Arranjo Produtivo Local passou a receber técnicos americanos que avaliaram a qualidade dos produtos até chegar ao segundo semestre de 2023, quando as primeiras empresas enviaram lotes para os Estados Unidos. “Para atender a essa demanda, nossas indústrias precisam se modernizar a desenvolver novos produtos, o que é excelente para o setor”, afirma Magnaldo Geraldo Filho, presidente da AME. Os números de exportação para o mercado americano ajudam a fortalecer a posição do polo industrial brasileiro no mercado internacional, que sofre grande influência dos fogos de artifício produzidos na China. O gigante asiático ainda é responsável por mais de 80% das vendas em nível mundial, com produtos oriundos principalmente da cidade de Liyang, na província de Hunan. O Brasil, no entanto, vem ganhando campo. Dados levantados em 2021 pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (SEDE) apontaram que o setor pirotécnico brasileiro exportou em 2020 mais de R$ 31,7 milhões. Os principal destinos das exportações são o Chile, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos e Argentina. Um estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) estimou em 2019 que o mercado de fogos de artifício no Brasil, incluindo não apenas a produção mas também serviços de shows pirotécnicos, por exemplo, movimenta cerca de R$ 328 milhões a R$ 401 milhões. Para dar conta do recado, somente a indústria registra no polo produtivo mais de 2 mil empregos diretos, número que passa dos 4 mil empregos diretos quando somados outros setores da cadeia produtiva, como a cartonagem, pólvora e explosivos. Esse número salta para dezenas de milhares quando considerada a cadeia como um todo, já que no comércio, por exemplo, o setor registra mais de 990 empresas em todo o Brasil, distribuídas principalmente em estados como São Paulo, Bahia, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco e Paraíba. O comércio varejista, por sua vez, está presente no CNAE de mais de 4 mil empresas, que juntas somam um capital social de pelo menos R$ 10 bilhões. Pesquisa e desenvolvimento O Serviço Nacional da Indústria – SENAI mantém em Santo Antônio do Monte o único centro tecnológico da América Latina sobre fogos de artifício. O laboratório foca há mais de 10 anos na melhoria da produtividade, a qualidade das matérias-primas e a segurança nos processos. A unidade é um órgão certificador autorizado pelo Exército Brasileiro para verificar os produtos controlados no polo produtivo, ajudando a assegurar a qualidade e conformidade. De acordo com a AME Pirotecnia, o foco do trabalho é conscientizar a sociedade brasileira sobre a relevância e seriedade desse mercado. “É importante que as pessoas saibam que este não é um setor de fundo de quintal. Temos uma indústria séria, que produz com técnica e carinho algo que leva esperança e alegria para milhões de pessoas através da luz e da cor”, afirma o presidente da AME. “Nosso intuito é seguir propagando isso, enquanto mostramos que é possível conciliar uma experiência muito positiva em um espetáculo pirotécnico com todos os tipos de público, respeitando cada um deles. Divulgação da pirotecnia nacional A AME Pirotecnia mantém uma página oficial no Instagram, onde a entidade publica conteúdos com foco no potencial cultural e econômico da pirotecnia. Através desses canais é possível acompanhar suas atividades e fazer contato com a organização. Neles também é possível que organizações voltadas para o espectro autista também contatem a AME para saber mais sobre a campanha de doação de protetores auriculares.FONTE: G1 Globo