Pressão aumenta no Parlamento francês antes da votação da reforma da Previdência

15 mar 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Os franceses voltaram às ruas nesta quarta-feira (15) para aumentar a pressão sobre o Parlamento e impedi-lo de adotar a impopular reforma da Previdência promovida pelo presidente liberal Emmanuel Macron.

O oitavo dia de protestos, convocado pelos sindicatos, coincidiu com a reunião entre sete deputados e sete senadores, que chegaram a um consenso sobre o texto único sobre a reforma, um passo fundamental para sua possível aprovação na quinta-feira.

"Eu digo aos parlamentares: não votem a favor desta lei, ela está desconectada da realidade concreta do trabalho", disse o líder do sindicato reformista CFDT, Laurent Berger, no início da manifestação em Paris.

Segundo a central sindical CGT, os protestos na capital francesa reuniram 450.000 pessoas, contra os 37.000 estimados pela polícia.

Dois em cada três franceses se opõem ao plano de Macron de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuir com 43 anos (e não 42, como atualmente) para receber uma aposentadoria completa.

"Penalizar com mais dois anos de trabalho é grave quando você sabe que muitos empregos são difíceis e muitas pessoas estão desempregadas", disse à AFP Cécile Ouedraogo, uma aposentada que protestava em Bordeaux (sudoeste).

Embora a rejeição majoritária à reforma permaneça intacta desde seu anúncio em janeiro, os protestos parecem perder força.

A polícia estima que haverá entre 650.000 e 850.000 manifestantes nesta quarta-feira. Este número está longe do 1,28 milhão de pessoas que, segundo as forças de segurança, foram às ruas em 7 de março (3,5 milhões, segundo o sindicato CGT), no maior protesto contra uma reforma social das três últimas décadas.

Lançadas na semana passada pelos sindicatos, as greves prorrogáveis em setores-chave, como energia e transporte, também estão diminuindo. O principal ponto de tensão com o governo são as toneladas de lixo acumuladas em Paris.

O serviço ferroviário e o transporte público em Paris continuam prejudicados, mas o ministro dos Transportes, Clément Beaune, descartou um "dia sombrio". Apenas 20% dos voos foram cancelados no aeroporto de Orly.

No setor da energia, mais mobilizado, foram registradas novas quedas na produção de eletricidade e prosseguiu o bloqueio dos transportes de combustíveis na maioria das refinarias. Os quatro terminais de GNL (gás natural liquefeito) continuam parados.

- Haverá maioria? -

Apesar das semanas de protestos, o governo se mantém firme em seu plano que busca evitar, em sua opinião, um déficit futuro no fundo de pensões. A maioria dos franceses acredita que o plano será aplicado, segundo pesquisas.

A primeira-ministra, Élisabeth Borne, comemorou o texto acordado pela comissão mista de 14 senadores e deputados, que permite "preservar" o "sistema de pensões".

Paira, no entanto, a incerteza sobre se o projeto de lei resultante obterá a maioria necessária na quinta-feira na Assembleia Nacional (câmara baixa). O Senado também deve dar sua aprovação final nesse mesmo dia.

O governo procurou garantir "uma maioria natural", nas palavras do seu porta-voz, Olivier Véran, com a oposição de direita dos Republicanos, respondendo às garantias solicitadas para quem começou a trabalhar com menos idade.

Enquanto se aguardam os detalhes do projeto de lei consensual, ainda não se sabe se ele convenceu alguns dos deputados pró-governo e de direita dispostos a não aprová-lo.

O Executivo espera não precisar ativar outro procedimento parlamentar controverso na Assembleia para adotar essa reforma fundamental para o restante do segundo mandato de Macron, que vai até 2027.

Conhecida como 49.3, esta medida permite que o governo aprove o trâmite na Assembleia sem submeter a reforma à votação. A única forma de impedir sua adoção é os deputados apresentarem e aprovarem uma moção de censura contra o governo.

Seu uso deixaria a tensão ainda mais alta, principalmente quando opositores começam a refletir sobre os próximos passos em caso de adoção da reforma e a exigência de um referendo cidadão surge como um próximo objetivo.


FONTE: Estado de Minas


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO