Líder ex-Farc na Colômbia critica Petro por negociar a paz com dissidentes
O líder da ex-guerrilha Farc, Rodrigo Londoño, criticou, nesta quarta-feira (15), o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, por negociar a paz com uma organização rebelde que assassina e ameaça os ex-combatentes que assinaram o histórico acordo de 2016.
"Senhor Presidente @petrogustavo. A implementação do Acordo de Paz corre grave perigo. As organizações com as quais se pretende negociar a 'Paz Total' nos fizeram alvo de suas ações e seu governo não atende nossos chamados", escreveu no Twitter o ex-negociador do pacto que desarmou aquela que foi a organização rebelde mais poderosa do continente.
Por trás das agressões estão dissidentes das Farc que se afastaram do acordo negociado em Havana e hoje são reconhecidos pelo governo como Estado Mayor Central (EMC), segundo Londoño, também conhecido como Timochenko, seu nome de ex-guerrilheiro.
Petro anunciou na segunda-feira o início de um "segundo processo de paz" com esta organização de 2.000 combatentes integrada por rebeldes da ex-guerrilha e novos recrutas.
O partido de esquerda Comunes, surgido do acordo de 2016, denunciou na terça-feira ameaças do EMC a uma comunidade de ex-combatentes que vive em uma zona destinada para sua reintegração à vida civil.
Os rebeldes deram um ultimato de 30 dias a cerca de 200 famílias para que abandonem seu povoado no município de Mesetas, no departamento de Meta (sul), detalhou o Comunes em um comunicado.
"Apoiamos o diálogo sobre a base do respeito a nossas vidas e ao Acordo de Paz", afirmou Londoño. Um total de 351 ex-combatentes das Farc foram assassinados após entregar as armas, denunciou o partido.
No Twitter, o representante especial do secretário-geral da ONU na Colômbia, Carlos Ruiz, condenou "qualquer ameaça à integridade física (...) dos ex-combatentes das Farc que vivem em Mesetas" e pediu ao governo que "redobre esforços" para sua proteção.
Petro chegou ao poder em agosto com o propósito de extinguir mais de meio século de conflito interno, com base em uma política que chamou de "Paz Total".
O primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia negocia para que rebeldes, narcotraficantes e membros de gangue deponham as armas.
"A ação deste grupo e de outros com quem pretende chegar a um acordo de Paz Total se apropriou do desejo de rasgar o Acordo de Paz (que assinamos)", reclamou Londoño.
O pacto que desmobilizou o grosso das Farc (cerca de 13.000 rebeldes) não acabou com a violência e o narcotráfico na Colômbia, maior produtor mundial de cocaína.
FONTE: Estado de Minas