ONU anuncia pacote bilionário de ajuda para Turquia e Síria em conferência internacional
A conferência internacional realizada nesta segunda-feira (20) para reunir fundos para a Turquia e a Síria arrecadou 7 bilhões de euros (em torno de R$ 39 bilhões) em ajuda às vítimas do terremoto devastador que atingiu os países em fevereiro.
"Tenho o orgulho em anunciar que [...] o total de compromissos de ajuda para o dia chega a 7 bilhões de euros", disse o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, no final da conferência de doadores.
Os tremores deixaram mais de 50.000 mortos e milhões de desabrigados. Um estudo preliminar da ONU estimou os danos em território turco em US$ 100 bilhões (cerca de R$ 527 bilhões), embora o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, tenha dito que poderiam chegar a US$ 104 bilhões (aproximadamente R$ 548 bilhões).
No início da conferência, a presidente da Comissão Europeia - braço executivo da UE -, Ursula von der Leyen, anunciou um pacote de ajuda de 1 bilhão de euros (em torno de 5,6 bilhões de reais) para a Turquia, além de ajuda humanitária de 108 milhões de euros (605 milhões de reais) para a Síria.
"As necessidades dos sobreviventes ainda são enormes e precisam ser atendidas com urgência", disse Von der Leyen.
"Quando ocorre uma tragédia, só há uma resposta: solidariedade. Estou muito feliz em ver hoje que a comunidade internacional apoia fortemente os esforços de reconstrução na Turquia e na Síria", acrescentou ela.
Achim Steiner, administrador do Programa de Desenvolvimento da ONU, também comemorou os resultados da conferência, mas acrescentou que "temos de ser realistas, a magnitude da destruição é de dimensões extraordinárias".
A UE, que organizou conferência com o governo da Suécia, buscava alcançar um "compromisso significativo" para a recuperação e reconstrução das áreas afetadas, após uma reação global morna aos apelos iniciais.
- 'Epicentro do abandono' -
A Turquia é um parceiro estratégico da UE, especialmente para conter os imigrantes sírios que buscam chegar à Europa, embora as negociações para a adesão do país ao bloco estejam paralisadas.
"Entendemos que o custo do terremoto chegará a cerca de US$ 104 bilhões. Independentemente de sua posição econômica, é impossível para qualquer país enfrentar sozinho um desastre dessa magnitude", disse Erdogan.
A Síria, por sua vez, sujeita a inúmeras sanções da UE, não foi convidada a participar da conferência.
O Ministério das Relações Exteriores da república árabe lamentou que o evento tenha acontecido "sem coordenação com o governo sírio, que representa o país onde ocorreu o desastre" e reiterou que não foi convidado a "participar de suas atividades".
Ainda que equipes de resgate estrangeiras e a ajuda humanitária tenham chegado rapidamente à Turquia, estas organizações enfrentaram grandes obstáculos para acessar as áreas afetadas no norte da Síria.
Investigadores da ONU relatam que a área se tornou o "epicentro do abandono", já que a chegada da ajuda humanitária foi dificultada por facções em guerra e pela hesitação da comunidade internacional.
O alto representante da UE para política externa, Josep Borrell, disse que o incidente "exacerbou ainda mais o sofrimento causado pelo conflito em curso na Síria".
"Um país em paz estaria muito melhor preparado para enfrentar este trágico evento e equipado para lidar com suas consequências", afirmou.
Diante deste cenário, UE e Estados Unidos decidiram flexibilizar as sanções contra o governo sírio para tentar acelerar as entregas de ajuda. O governo local também abriu duas novas passagens na fronteira.
De acordo com Von der Leyen, a conferência conseguiu angariar cerca de 950 milhões de euros (em torno de R$ 5 bilhões) para a Síria.
"Para ser bem claro, a UE não trabalha com o regime de [Bashar al] Assad. Mas sempre apoiamos as pessoas que precisam", concluiu.
FONTE: Estado de Minas