Morre, aos 91 anos, o pioneiro da climatologia Claude Lorius
O glaciologista francês Claude Lorius, um dos primeiros a associar o papel do dióxido de carbono (CO2) na mudança climática, faleceu na terça-feira (21) aos 91 anos, disseram à AFP seu editor e uma fonte próxima a ele.
Pioneiro em expedições polares, Lorius viveu ao todo seis anos na Antártica sob condições muito extremas, desde sua primeira missão em 1957.
Um dos idealizadores da climatologia, a qual ajudou a fundar a partir de sua pesquisa sobre bolhas de ar presas no gelo, o cientista também foi pioneiro ao lançar, a partir dos anos 1970, suas primeiras teorias sobre o impacto humano no clima planetário.
"A editora Arthaud lamenta informar a morte de seu autor Claude Lorius", diz o comunicado de sua editora.
O ex-colaborador de Lorius e figura próxima da família, o paleoclimatologista Jérôme Chappellaz, confirmou que ele faleceu na última terça-feira, em Borgonha (França).
Nascido em 27 de fevereiro de 1932, o glaciologista havia acabado de se formar quando viu um anúncio convidando estudantes a participar do "Ano Geofísico Internacional" na Antártica, onde permaneceu por um ano em uma base científica.
Durante uma temporada na Terra Adélia, um dos distritos do continente, em 1965, ele decidiu estudar as bolhas de ar contidas em amostras de gelo que os cientistas extraíam para avançar nos estudos sobre a geologia da Antártica.
Entre 1977 e 1978 conseguiu perfurar até 900 metros de profundidade, o que lhe permitiu reconstituir 40.000 anos da história climática do planeta.
Jé em 1984, nas proximidades da então base soviética de Vostok (1.500 km adentro da Antártica), ele ampliou o alcance para 150.000 anos.
Ao reconstruir um ciclo climático completo, ele observou que as curvas de temperatura seguem ritmos regulares, até que em meados do século XIX, a Revolução Industrial faz com que haja uma aceleração no aumento da temperatura.
O cientista retornou à Antártica aos 80 anos de idade para protagonizar o documentário "O Céu e a Geleira" (2015), que foi apresentado no festival de Cannes de 2015.
FONTE: Estado de Minas