Em Pequim, Macron diz que China pode desempenhar ‘um grande papel’ pela paz na Ucrânia

05 abr 2023
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O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta quarta-feira (5), ao chegar a Pequim para uma visita de três dias, que o gigante asiático pode desempenhar "um grande papel" em encontrar "um caminho para a paz" na Ucrânia.

"A China propôs justamente um plano de paz (...). Trata-se da vontade de ter responsabilidade e tentar construir um caminho para a paz", disse o presidente à comunidade francesa, elogiando a sua "coragem" após as longas restrições relacionadas à covid -19, que foram suspensas apenas no final do ano passado.

A invasão russa da Ucrânia, que nunca foi formalmente condenada por Pequim, lidera a lista de questões que Macron quer abordar na quinta-feira em sua conversa com o presidente chinês, Xi Jinping.

"Esta guerra, que repetidamente descrevi como imperialista, colonial, de fato pisoteou muitos dos princípios da Carta da ONU, que nós, como dois membros do Conselho de Segurança, devemos defender resolutamente", disse ele, referindo-se à França e à China.

"Acho que defendê-los é também caminhar juntos e tentar encontrar um caminho para a paz", acrescentou.

Segundo Macron, a China, "precisamente por sua estreita relação com a Rússia, reafirmada nos últimos dias, pode desempenhar um grande papel" no conflito na Ucrânia, afirmou, referindo-se à recente visita do presidente chinês a Moscou.

O diálogo com as autoridades de Pequim é "indispensável", disse Macron, e não hesitou em afirmar que quem apoiar o "agressor" passará a ser um "cúmplice".

"Qualquer um que ajude o agressor estaria se colocando na posição de cúmplice de uma violação do direito internacional", comentou ele, referindo-se a uma possível entrega de armas chinesas à Rússia.

- Não "se separar" da China -

O chefe de Estado francês, que não ia à China desde 2019 devido à crise sanitária, quis se distanciar da abordagem diplomática de confronto dos Estados Unidos nos últimos anos em relação ao seu rival asiático.

"Ouvimos cada vez mais vozes expressando forte preocupação com o futuro das relações entre o Ocidente e a China. De certo modo, elas chegam à conclusão de que há uma espiral irresistível de tensões crescentes", disse ele. "Não quero acreditar nesse cenário", frisou.

Para mostrar a unidade da Europa a favor de um "compromisso" com a China, Macron pediu à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que se juntasse a ele na quinta-feira para uma de suas reuniões com Xi Jinping.

Macron, que chegou acompanhado de uma representação de mais de 50 empresários franceses, de companhias como Airbus, EDF e Veolia, afirmou que a França e a União Europeia não devem "se separar" economicamente da China, mas sim manter um "caminho realista e ambicioso".

"Não devemos nos desvincular, nos separar da China", defendeu Macron, mas "nos comprometer com vontade de continuar mantendo uma relação comercial" com Pequim.

A visita de Estado de três dias do presidente francês o levará a Guangzhou (sul) na sexta-feira.

Macron também quer enfatizar os laços culturais com a inauguração de um festival franco-chinês chamado "Croisements" e é acompanhado em sua jornada pelo diretor de cinema Jean-Jacques Annaud e pelo músico Jean-Michel Jarre.

Antes de partir para Pequim na terça-feira, Macron conversou por telefone com seu homólogo americano Joe Biden e citou a "vontade comum de envolver a China para acelerar o fim da guerra na Ucrânia e participar da construção de uma paz duradoura na região", segundo a presidência francesa.

A delegação francesa também prometeu abordar a questão dos direitos humanos, particularmente na região de Xinjiang, onde, segundo vários observadores, os muçulmanos uigures sofrem repressão.


FONTE: Estado de Minas


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