‘Não estamos isolados’, afirma presidente de Taiwan após reunião nos EUA

05 abr 2023
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O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, recebeu nesta quarta-feira (5) a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, na Califórnia, para uma reunião que, segundo ela, mostra que Taipé não está "isolada", apesar da pressão chinesa.

Após o encontro, Tsai agradeceu a McCarthy e a líderes de ambos os partidos pela recepção na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Simi Valley, um encontro que irritou Pequim: "Sua presença e seu apoio inabalável reafirmam ao povo de Taiwan que não estamos isolados e que não estamos sozinhos."

A China se opôs "firmemente" à reunião, advertiu esta semana a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, que acrescentou que o país "defenderá com firmeza sua soberania nacional e sua integridade territorial".

Pequim considera a ilha de governo democrático e autônomo como uma província rebelde que é parte de seu território, e diz estar disposto a recuperá-la, inclusive pela força, se necessário.

Sob o princípio de "uma só China", Pequim não permite que nenhum país tenha laços diplomáticos com eles e com os taiwaneses ao mesmo tempo.

"Enfatizei na reunião algo que o presidente Reagan defendia: que, para preservar a paz, temos que ser fortes", ressaltou Tsai, que chegou ontem a Los Angeles, depois de uma viagem diplomática por Belize e Guatemala. "Taiwan agradece por ter os Estados Unidos ao lado, enquanto enfrentamos desafios únicos de nossa era", declarou.

Os Estados Unidos reconheceram Pequim em 1979, mas são um importante aliado de Taiwan e seu maior fornecedor de armas.

O apoio à ilha é um dos poucos consensos bipartidários no Congresso americano e, durante o mandato de Tsai, essa relação se fortaleceu.

McCarthy, segunda autoridade na linha presidencial e nativo da Califórnia, descreveu Taiwan como "uma democracia bem-sucedida, uma economia pujante, e um líder global em saúde e ciência".

"A amizade entre o povo de Taiwan e os Estados Unidos é vital para manter a liberdade econômica, a paz e a estabilidade regional", disse McCarthy. "Honraremos nossas obrigações e reiteramos nosso compromisso com nossos valores compartilhados. Nossa cooperação com o povo de Taiwan continuará se expandindo por meio do diálogo e da troca", comentou.

- Manifestações -

Com bandeiras e palavras de ordem, manifestantes pró-Pequim ou em defesa da posição de Taipé se aglomeraram em torno da Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Simi Valley, onde os dois políticos apertaram as mãos. Um pequeno avião sobrevoou o local com um cartaz que dizia: "Uma só China! Taiwan faz parte da China!"

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, minimizou a importância da escala de Tsai na Califórnia e instou Pequim a não usar isso como "uma desculpa para avivar as tensões".

"Este trânsito de autoridades taiwanesas de alto nível não é uma novidade", afirmou ele a jornalistas em Bruxelas, onde se reuniu com líderes da Otan. "É algo privado e não oficial", acrescentou.

McCarthy planejou inicialmente seguir o exemplo de sua antecessora no cargo, a democrata Nancy Pelosi, que visitou Taiwan em agosto do ano passado.

Essa viagem, no entanto, provocou a indignação da China, que respondeu com as maiores manobras militares de sua história ao redor da ilha.

Por fim, McCarthy acabou optando por se encontrar com Tsai Ing-wen e vários representantes do Congresso na biblioteca do ex-presidente republicano, que fica em um subúrbio de Los Angeles.

No entanto, Xu Xueyuan, encarregada de negócios da embaixada chinesa nos Estados Unidos, disse à imprensa, na semana passada, que Washington corria o risco de um "confronto grave" se líderes americanos visitassem Taiwan ou vice-versa.

Autoridades de Pequim disseram que, ao participar do encontro, McCarthy "brincava com fogo".

- Relação de confiança -

Para Bonnie Glaser, diretora do programa sobre a Ásia do grupo de especialistas German Marshall Fund, um 'think tank' sediado em Washington, é provável que a China sinta necessidade de continuar com a retórica anterior à visita.

"A China já fez algumas declarações bastante ameaçadoras, o que sugere que terão que responder de alguma forma. Caso contrário, Xi Jinping poderia parecer fraco", disse Glaser à AFP.

A escala de Tsai ocorre no momento em que a China está intensificando a pressão militar, econômica e diplomática sobre a democracia autônoma.

A América Latina tem sido um terreno disputado desde que Taiwan e China se separaram 'de facto' em 1949, ao final da guerra civil. Os comunistas tomaram o poder na China continental, enquanto os nacionalistas se estabeleceram em Taiwan.

Apenas Belize e Guatemala permanecem aliados de Taipé na América Central, depois que Honduras passou a reconhecer formalmente Pequim no mês passado. No total, só 13 países reconhecem Taiwan.


FONTE: Estado de Minas


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