China encerra três dias de manobras militares para simular o cerco de Taiwan

10 abr 2023
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A China declarou nesta segunda-feira (10) que "completou com sucesso" os três dias de manobras militares ao redor de Taiwan, uma operação que mobilizou dezenas de aviões para simular ataques e o "bloqueio aéreo" da ilha, que Pequim reivindica como parte de seu território.

Os exercícios foram uma resposta de Pequim à reunião da semana passada entre a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, um encontro que a China advertiu que provocaria uma resposta contundente.

Após três dias de manobras, exército chinês declarou que "completou com sucesso" os exercícios que receberam o nome "Espada Conjunta".

O Comando do Cenário do Leste do Exército de Libertação Popular (EPL) afirmou em um comunicado que as manobras "testaram por completo a capacidade de combate conjunta integrada de vários setores do exército em condições de combate".

Durante as manobras, Pequim simulou ataques seletivos contra Taiwan, assim como o cerco da ilha, incluindo seu "isolamento". A imprensa estatal afirmou que dezenas de aviões executaram um "bloqueio aéreo".

Um porta-aviões chinês, o "Shandong", também participou nos exercícios.

O governo dos Estados Unidos, que pediu sinais de moderação à China, enviou nesta segunda-feira o destróier de mísseis guiados USS Milius para uma área em disputa no Mar da China Meridional.

"Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legítimos do mar", afirmou a Marinha americana em um comunicado. O destróier americano navegou perto das ilhas Spratly, um arquipélago situado a 1.300 quilômetros de Taiwan, reivindicado por China, Taiwan, Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei.

A China criticou o que chamou de "invasão ilegal" do USS Milius a suas águas territoriais.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, advertiu nesta segunda-feira que "a independência de Taiwan e a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são coisas mutuamente excludentes". Ele também culpou o governo taiwanês e "forças estrangeiras" não identificadas pelas tensões.

"Se queremos proteger a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, devemos devemos nos opor de modo veemente a qualquer forma de separatismo taiwanês", disse Wenbin.

A Rússia, aliada da China, defendeu as manobras. Uma fonte do Kremlin afirmou que Pequim tem o "direito soberano" de responder ao que Moscou chamou de "provocações".

- 'Não à guerra' -

Na ilha de Beigan, parte do arquipélago taiwanês de Matsu, visível da costa da China continental, Lin Ke-qiang, um cozinheiro de 60 anos, declarou à AFP que não deseja a guerra.

"Nós, as pessoas comuns, só queremos ter uma vida pacífica e estável", declarou, antes de acrescentar que o exército de Taiwan não pode rivalizar com o da China.

"Se uma guerra começar, agora que os mísseis deles estão tão avançados, não há forma de resistir. Seremos arrasados", disse.

China e Taiwan se separaram após uma guerra civil em 1949. Pequim considera esta ilha de governo democrático como parte de seu território e prometeu recuperá-la algum dia.

O governo dos Estados Unidos é deliberadamente ambíguo sobe uma eventual defesa militar de Taiwan. Washington, no entanto, vende armas a Taipé há várias décadas para a autodefesa e oferece apoio político.

Tsai se reuniu com McCarthy após uma viagem a Guatemala e Belize, dois dos últimos aliados oficiais da ilha, que recentemente perdeu Honduras, país que estabeleceu relações diplomáticas com a China.

O exército de Pequim também executou manobras militares ao redor da ilha em agosto de 2022, em resposta à visita a Taipé de Nancy Pelosi, a antecessora de McCarthy na presidência da Câmara de Representantes.

Tsai respondeu aos exercícios chineses e afirmou que Taiwan "continuará trabalhando com os Estados Unidos e outros países" contra o que chamou de "contínuo expansionismo autoritário".

Os exercícios desta segunda-feira incluíram munição real e aconteceram diante de uma costa rochosa da província chinesa de Fujian, 80 quilômetros ao sul das ilhas Matsu e a 190 quilômetros de Taipé.

Em um vídeo divulgado na conta oficial do WeChat do Comando do Cenário do Leste do exército chinês, um piloto afirma que chegou "perto da zona norte da ilha de Taiwan", com mísseis "travados na posição".


FONTE: Estado de Minas


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