O serviço crucial dos drones ‘geeks’ no ‘front’ ucraniano

10 abr 2023
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Em meio a soldados com equipamentos e armas pesadas, Oleksander cruza um campo de treinamento perto de Bakhmut, leste da Ucrânia, apenas com uma bolsa preta. "Minha arma é muito mais discreta", contou sorrindo, "aqui dentro estão os olhos do Exército".

Sua missão é pilotar drones na área de Bakhmut, epicentro dos combates entre as forças ucranianas e russas e local da batalha mais longa e sangrenta até o momento.

O soldado de 30 anos comanda uma unidade de apoio aéreo para a quinta brigada das Forças Armadas ucranianas.

Quando não está em missão, Oleksander treina, ou conserta, os dispositivos.

"Fazemos reconhecimento e vigilância ao mesmo tempo, identificamos o inimigo e podemos escoltar os grupos de ataque", explica.

Os drones já se tornaram cruciais, a ponto de as peças de artilharia não dispararem em dias de pouca visibilidade para não desperdiçar munição.

- "Presente russo" -

"Antes, para ajustar um tiro de morteiro, era preciso um topógrafo no morro, com tripé e binóculo (...) tinha que dar os ângulos de correção ao atirador. Agora, com um drone, quem comanda o disparo ajusta em tempo real", detalha o soldado.

As mesmas técnicas também são utilizadas pelo lado russo. Portanto, os especialistas em drone ucranianos também precisam abater os drones russos.

Para isso, Viktor utiliza uma maleta com interceptor.

Ele mostra a tela e ri: "Olha, nós vemos todos! Os Mavics e os outros! Todos os drones!".

Sua satisfação é ainda maior, pois o aparelho utilizado é um "presente dos russos".

É um "saque de guerra", exclama. "Na Ucrânia, não fabricamos máquinas assim, nós as roubamos do inimigo".

Oleksander explica que é necessário ser muito engenhoso nestas unidades com drones.

"É um trabalho consistente, o operador tem que saber tudo: como maximizar o alcance do seu aparelho, como criar um ponto de decolagem em terrenos complicados, cavar sua trincheira, esconder sua presença...", lista o militar.

É necessário que seja "habilidoso", acrescenta.

Os drones do Exército ucraniano costumam ser modelos comerciais. O programa deve ser alterado para torná-los "invisíveis para a vigilância de rádio" russa, relatou Oleksander, enquanto exibe o dispositivo de 20 centímetros.

Estes artefatos também são modificados para que possam lançar granadas, ou outros explosivos.

- "A vingança dos 'geeks'" -

Oleksander relembra a primeira vez que conseguiu aprender a técnica para manusear o dispositivo.

Três meses após utilizar o controle remoto de um drone pela primeira vez, ele conseguiu destruir um canhão antitanque MT-12 com o lançamento de uma granada.

Embora os soldados dominem o controle atualmente, muitos testes foram necessários no início.

Também há muitas perdas. De acordo com o militar, mais de 100 drones desapareceram no campo de batalha.

Para ele, o uso de drones contribuiu para que Bakhmut continuasse resistindo.

"Os ataques do (grupo paramilitar russo) Wagner contra Bakhmut foram repelidos, graças aos drones que lançavam granadas", garante Oleksander, enquanto olha para o "front", onde as forças ucranianas - menor em quantidade - resistem aos ataques russos.

"É um pouco a vingança dos 'geeks'", disse o soldado, referindo-se aos fãs de tecnologia.


FONTE: Estado de Minas


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