Biden chega à Irlanda do Norte com expectativa de ‘manter a paz’

11 abr 2023
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O presidente americano, Joe Biden, chegou nesta terça-feira (11) a Belfast, Irlanda do Norte, onde irá celebrar o 25º aniversário do acordo de paz que pôs fim a décadas de violência na província britânica e tentar relançar o diálogo político.

Antes de embarcar no avião presidencial, Biden disse que a prioridade de sua viagem será "manter a paz" e pôr fim ao bloqueio institucional que a região sofre devido a divergências vinculadas à saída do Reino Unido da União Europeia.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, recebeu o presidente americano, de 80 anos, no aeroporto, aonde desembarcou 24 horas após o 25º aniversário do Acordo da Sexta-Feira Santa, alcançado após longas negociações, das quais participaram os governos de Londres, Dublin e Washington. O pacto pôs fim a três décadas de conflitos intercomunitários devastadores.

Em 10 de abril de 1998, líderes nacionalistas pró-irlandeses - principalmente católicos - e sindicalistas pró-britânicos - sobretudo protestantes - chegaram a um acordo de paz. A violência desse período deixou 3.500 mortos.

Um quarto de século depois, a Irlanda do Norte está mergulhada em uma crise política grave, com instituições paralisadas há mais de um ano. Incidentes eclodiram ontem na cidade fronteiriça de Londonderry, quando jovens encapuzados lançaram bombas incendiárias em veículos da polícia.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que Washington deseja ver uma retomada do diálogo entre as forças políticas da região.

"A mensagem é dupla. Trata-se de uma congratulação pelos 25 anos do acordo da Sexta-Feira Santa, e de falar sobre a importância de tentar trabalhar em políticas comerciais e econômicas que beneficiem todas as comunidades, assim como os Estados Unidos", expressou.

Biden ficará por algumas horas em Belfast, onde discursará na Universidade de Ulster na quarta-feira. Em seguida, fará uma visita de três dias à República da Irlanda, que o levará na sexta-feira a Ballina, cidade de seus ancestrais.

- Paz frágil -

Nos anos posteriores à assinatura do acordo, os paramilitares norte-irlandeses foram desarmados; a fronteira terrestre, desmantelada; e as tropas britânicas, retiradas do território.

Mas a paz na Irlanda do Norte talvez seja mais frágil hoje do que em qualquer outro momento desde que o acordo foi assinado. Desentendimentos ligados ao Brexit e à violência por parte de alguns grupos ameaçam manchar a tão desejada paz na província.

Os serviços de segurança britânicos elevaram o nível de ameaça terrorista no mês passado, após a tentativa de homicídio de um policial.

Na segunda-feira, com a celebração dos 25 anos do acordo, Sunak destacou a necessidade de "se redobrarem" os esforços para cumprir "a promessa feita em 1998 e os acordos que se seguiram".

As instituições, nas quais republicanos e unionistas devem compartilhar o poder, estão paralisadas há um ano.

O Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) boicota as instituições há mais de 14 meses para protestar contra as disposições especiais aplicadas à região após o Brexit, em vigor desde o início de 2021.

As medidas mantêm a Irlanda do Norte no mercado único europeu para evitar o retorno de uma fronteira física com a República da Irlanda, membro da União Europeia. O DUP teme, no entanto, que essas disposições afastem a região do Reino Unido e tornem mais provável uma Irlanda unificada, objetivo dos republicanos.

Em entrevista à emissora BBC, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que chegou ao poder em 1998, advertiu que o governo americano precisa ser "cuidadoso e sensível" com os unionistas.

O presidente americano se reunirá com seu homólogo irlandês, Michael Higgins, e com o primeiro-ministro Leo Varadkar, na quinta-feira. Também discursará no Parlamento irlandês e participará de um jantar no Castelo de Dublin.

Na sexta-feira, discursará para milhares de pessoas em Ballina, de onde seus antepassados emigraram no século XIX, fugindo da fome, para se radicarem na Pensilvânia.


FONTE: Estado de Minas


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