Pílula abortiva, campo de batalha pelo acesso ao aborto nos EUA

13 abr 2023
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A pílula abortiva se transformou em um novo campo de batalha nos Estados Unidos entre os que defendem e os que rejeitam o direito à interrupção da gravidez. Os opositores tentam proibi-la em todo o país, apesar de ter sido aprovada há mais de 20 anos.

- Em que proporção é usada? -

De acordo com o Instituto Guttmacher, mais da metade dos abortos (53%) nos Estados Unidos foi administrada com medicamentos.

Este número é inferior ao de alguns países europeus, como a França, onde este método está autorizado desde 1988, e os abortos com remédios representaram cerca de 70% das interrupções voluntárias da gravidez em 2020.

- Como funciona a pílula abortiva? -

A pílula abortiva é diferente da "pílula do dia seguinte". Enquanto esta última é tomada horas após um relacionamento de risco, a pílula abortiva é tomada assim que se confirma gravidez, visando à sua interrupção.

Autorizado nos Estados Unidos e em vários países, o método utiliza dois medicamentos. O primeiro é a mifepristona (O RU 486), que retarda o desenvolvimento da gravidez por atuar sobre um hormônio chamado progesterona. O segundo, o misoprostol, é tomado um ou dois dias depois e desencadeia contrações e sangramento.

A mulher aborta em casa, ou no lugar que ela quiser, não em posto de saúde.

- Qual sua eficácia e sob que riscos? -

Os abortos com mifepristona e misoprostol são muito seguros e eficazes, dizem os especialistas. As gestações param em mais de 95% dos casos, segundo estudos. Existem poucas complicações (fluxo sanguíneo excessivo, febre, infecções, reações alérgicas) que requerem consultas posteriores.

Outro ponto importante: as pílulas não funcionam em caso de gravidez ectópica, aquela que acontece fora do útero e que corresponde a 2% das gestações. Uma gravidez ectópica pode ser detectada por ultrassom e deve ser tratada, já que pode ser fatal.

- Situação nos Estados Unidos -

Nos Estados Unidos, a agência que regula o setor de alimentos e medicamentos no país (FDA) autoriza o método que usa mifepristona e misoprostol desde 2000.

Inicialmente era permitido até sete semanas de gestação, mas posteriormente foi estendido para 10 semanas após a última menstruação. Fora desse período, as mulheres que desejam abortar devem recorrer ao método por aspiração.

Desde o verão passado, uma dúzia de estados dos EUA proibiu o aborto, seguindo uma decisão da Suprema Corte que os autorizou a legislar sobre o assunto. Nesses estados, os abortos por medicamento também são proibidos.

Grupos antiaborto querem suspender a autorização do FDA para mifepristona em todo o país, inclusive em estados onde o aborto continua legal. Uma batalha judicial está em curso.


FONTE: Estado de Minas


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