China e Ucrânia centralizam reunião diplomática do G7 no Japão
Os ministros das Relações Exteriores do G7 chegaram neste domingo (16) a Karuizawa, uma pequena cidade montanhosa no Japão, onde abordarão a crescente pressão da China sobre Taiwan e o conflito na Ucrânia.
Delegações dos sete países do grupo (formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) devem se reunir em um jantar a portas fechadas.
A agenda diplomática nos últimos dias foi dominada, sobretudo, pelo Leste Asiático.
Na quinta-feira (13), a Coreia do Norte lançou um suposto "novo tipo" de míssil balístico intercontinental (ICBM) de combustível sólido. E, no último fim de semana, a China já havia realizado manobras militares nos arredores de Taiwan, simulando ataques e um bloqueio à ilha, que considera como parte de seu território.
O G7 tem advertido Pequim, regularmente, contra qualquer tentativa de mudar à força o "status quo" de Taiwan.
"Estamos interessados na paz e na estabilidade no estreito de Taiwan", lembrou no domingo o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, por videoconferência, depois de testar positivo para covid-19 esta semana.
"Nossa posição é a política de 'uma só China'. Nós a respeitamos e continuaremos a apoiá-la, mas queremos reduzir as tensões, e qualquer mudança pela força será inaceitável", acrescentou.
Após as recentes declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, é possível esperar uma nova abordagem na linguagem usada pelo grupo.
Sua insistência, depois de uma viagem a Pequim, em que a Europa deveria evitar "crises que não são [suas]", causou perplexidade e raiva entre os aliados da França. Já Pequim acolheu, favoravelmente, os comentários.
Desde então, Paris tenta tranquilizar seus parceiros, ressaltando que a posição da França não mudou. Muitos observadores esperam que o grupo reitere sua posição de advertir a China contra "mudar o 'status quo' pela força".
A questão ucraniana, um conflito que preocupa particularmente o Japão, também será abordada no encontro.
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, cujo governo aprovou uma grande revisão de sua doutrina de defesa em 2022 diante da ascensão da China, alertou, em diferentes ocasiões, que "a Ásia pode ser a Ucrânia de amanhã".
No caso da Ucrânia, espera-se que o consenso seja alcançado sem grandes problemas, ainda que não haja a expectativa de novas medidas por parte do grupo.
O conflito entre a ex-república soviética e a Rússia e o aumento das tensões entre China e Estados Unidos também colocaram em evidência a questão da segurança econômica e a necessidade de se diversificar as cadeias de suprimentos nas áreas de energia e semicondutores.
Realizada sob fortes medidas de segurança depois da explosão de um artefato em um comício eleitoral com o premiê Kishida no sábado, a reunião ministerial também servirá para preparar a cúpula de chefes de Estado do G7 prevista para maio, em Hiroshima.
FONTE: Estado de Minas