Polícia apura outra morte de bebê após injeção de dipirona em Goiás
A Polícia Civil de Goiás investiga outra morte de bebê após uma suposta aplicação de dipirona injetável em uma UPA de Trindade (GO), na região metropolitana de Goiânia. A mãe da criança compareceu à delegacia após a repercussão da morte de Ayslla Helena Souza Lopes, de 1 ano, nesta semana.
Charles Souza, de 1 ano e 5 meses, morreu no dia 9 de maio, um dia após ter sido atendido na mesma UPA que Ayslla Helena. A polícia afirma que foi procurada agora, três meses após o óbito, porque a mãe desconfia de que o caso seja parecido com de Ayslla, que é investigado.
A mãe de Charles afirma que uma médica receitou dipirona injetável para a criança após um exame rápido por identificar uma infecção no ouvido. A aplicação da dipirona nas nádegas da criança teria sido feita por uma enfermeira, declarou Carolyne Souza Cares em entrevista à TV Anhanguera, da Rede Globo.
Após ser medicado, a criança foi enviada de volta para casa, onde sofreu uma piora. "Coloquei ele para dormir normal, quando acordei mais tarde para ir ao banheiro, ele já estava com muita dificuldade para respirar, estava com a boquinha roxa, não abria o olhinho, não estava acordando", relatou a mãe.
Ao voltarem à UPA, Charles foi atendido "com quadro gravíssimo, com febre e insuficiência respiratória que evoluiu para parada cardíaca", informou a Prefeitura de Trindade em nota, que se baseou nos registros da criança na unidade hospitalar. A criança tinha dado entrada com sintomas de "febre, vômito e dor de ouvido no lado direito".
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À TV Globo, a mãe mostrou que o médico que atestou o óbito identificou possível sepse, ou seja, uma infecção generalizada, como causa da morte. A morte do bebê foi registrada como "natural" e o corpo de Charles foi para o SVO (Serviço de Verificação de Óbito), e não para o IML (Instituto Médico Legal), como é praxe em casos suspeitos.
A polícia pediu o laudo do SVO e colheu depoimento da mãe de Charles. A Secretaria Municipal de Saúde de Trindade também diz acompanhar o caso e aguardar o atestado de óbito da criança.
AYSLLA: POLÍCIA APURA SE DIPIRONA OCASIONOU A MORTE
A médica responsável pelo atendimento de Ayslla prescreveu o medicamento injetável. Entretanto, no momento da aplicação a enfermeira não conseguiu localizar a veia da criança e questionou à medica se poderia injetar a dipirona no músculo, o que foi autorizado por ela e pela família.
A delegada responsável pelo caso, Cássia Borges, informou que aguarda o resultado do IML sobre a causa da morte. Em seguida, ela disse que vai ouvir os profissionais envolvidos no atendimento da vítima e apurar se as condutas adotadas no atendimento à bebê foram adequadas.
Em nota, a prefeitura de Trindade informou que abriu sindicância administrativa interna para averiguar se houve "algum equívoco na assistência prestada à paciente", e ressaltou a equipe envolvida foi afastada de suas atribuições na UPA "até que os fatos sejam todos apurados".
FONTE: Estado de Minas