Silveira e especialistas explicam apagão no Brasil

15 ago 2023
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O apagão nacional ocorrido em 25 estados e no Distrito Federal, nesta terça-feira (15/8), entre 8h31 e 14h49, foi considerado um evento raro pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD).

“Operamos no modelo N – 1, que é redundante. Ou seja, é necessária uma duplicidade de dois eventos de grande magnitude concomitantemente”, ponderou.

De acordo com ele, um relatório completo só será disponibilizado em 48 horas, mas já é possível afirmar que um dos problemas ocorreu no Norte do Ceará. O único estado não atingido foi Roraima, que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) - a energia no estado é fornecida por termelétricas locais.

 

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou, em nota, que o apagão elétrico que atingiu todas as regiões do país foi parte de uma uma "ação controlada" do órgão para evitar maiores danos à rede elétrica do país.

A ação foi vista com naturalidade por especialistas. “Entrou em vigor um protocolo do ONS chamado Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac). Como muitas usinas foram desconectadas por algum distúrbio, as demais poderiam aumentar a produção e suprir a necessidade. O plano corta a energia de áreas de menor impacto e passa para as regiões de mais importância”, explicou Lucas Freitas de Paiva, CEO da startup Lead Energy e especialista em energia elétrica.

 
Paiva também apontou que o sistema elétrico brasileiro passou por uma extensão para criar interligações, aumentando a segurança e evitando que problemas maiores, como o desta terça, ocorram com frequência.

“O sistema faz com que todas as usinas e casas estejam conectadas de alguma forma, reduzindo os riscos e aumentando as seguranças. Em 2001, as ligações não eram muito fortes. Não conseguimos levar a energia do sul para o resto do país. Essas ligações são muito importantes para aumentar a segurança do sistema”, explica.

Em seu discurso, Silveira revelou que existe a possibilidade do problema no Ceará ter sido uma sobrecarga do sistema. A teoria foi corroborada pelo engenheiro e consultor no setor elétrico Marcelo Feretto.

“O que pode ter ocorrido hoje é uma elevação no fluxo de carga em algum ponto de conexão, visto que o SIN segue com sobre oferta de energia e em meio ao período do ano em que registramos os melhores ventos para produção de energia eólica, indo de junho a novembro, conhecido como safra dos ventos. Relembrando que até o momento a motivação não foi apontada pelo ONS”, declarou.

 
Feretto relembrou que em 21 de março de 2018, outro episódio foi registrado na usina hidrelétrica de Belo Monte, quando foi colocada, indevidamente, uma proteção de sobrecorrente no disjuntor, fazendo com que ele abrisse quando o fluxo da linha chegasse próximo a 4.000 MW.

“Houve o desligamento automático de diversas linhas de transmissão, separando o subsistema Norte do Nordeste e essas duas regiões dos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste. Com a separação dos subsistemas, o Norte ficou com excesso de geração, o que provocou sobretensão nas linhas, levando à perda das linhas de transmissão. A frequência chegou a 70 Hz, a região Norte veio a blecaute. Na ocasião o ERAC atuou em 5 estágios e a frequência se normalizou em 60 Hz”, acrescenta Feretto.

Impacto no Brasil

O apagão atingiu primeiro o Norte e o Nordeste, onde os problemas tiveram origem e maior impacto, e só se propagaram para o resto do país na medida em que o Erac foi acionado pela ONS.

Em São Paulo, os trens da linha 4-amarela do metrô e da Linha 15-prata do monotrilho tiveram a velocidade reduzida e o intervalo de parada entre as estações aumentado. Em Salvador, os passageiros andaram sobre os trilhos após os trens do sistema metroviário pararem de funcionar. Em Belo Horizonte, trens não circularam e as estações ficaram fechadas durante parte da manhã.

“Estamos todos tão acostumados que quando falta luz cria-se um caos. De todos os serviços públicos incluindo água, esgoto, coleta de lixo, internet, celular, telefonia, a eletricidade é a que apresenta a maior cobertura, com mais de 99%, e a melhor avaliação de qualidade pela população. Nosso sistema é baseado em energia renovável, principalmente hidroelétrica”, analisa o economista da Fundação Getúlio Vargas Marcelo Neri. 

FONTE: Estado de Minas


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