A tecnologia israelense contra os arsenais heterogêneos do Hamas e do Hezbollah

10 out 2023
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De um lado, Israel e seu aliado americano. Do outro, o Hamas, apoiado sobretudo pelo Hezbollah. A guerra em Israel é claramente assimétrica em termos de equipamentos militares, opondo meios tecnológicos de um lado a um arsenal heterogêneo de outro.

- O poderio de Israel -

Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), sediado em Londres, as forças armadas israelenses contam com 169.500 efetivos, entre eles 126.000 no exército terrestre, além de 400.000 reservistas.

"Mobilizamos 300.000 reservistas, mais do que jamais fizemos em tão pouco tempo", declarou o tenente-coronel da reserva Jonathan Conricus na rede social X (antigo Twitter).

As forças armadas israelenses estão entre as mais bem equipadas do mundo: potencial nuclear, aviação, veículos blindados, tanques, artilharia e um poderoso sistema de defesa antimísseis, conhecido como 'Domo de Ferro'.

"Israel tem uma importante vantagem militar e tecnológica sobre o Hamas e os grupos aliados. Porém, uma operação ofensiva será custosa porque ocorrerá em um ambiente hostil", resume Lucas Webber, cofundador do site especializado Militant Wire.

- Os avanços do Hamas -

O Hamas se apoia em um "arsenal construído ao longo de décadas (...), viabilizado e financiado pelo Irã e pela Síria", afirma à AFP um especialista ocidental em armamento conhecido como Calibre Obscura no X (antigo Twitter), que pede anonimato.

Seu armamento pesado vem do Irã, Síria, Líbia e outros países do Oriente Médio. Suas armas curtas e fuzis de assalto vêm da China, países do leste da Europa e estoques israelenses apreendidos durante combates, acrescenta.

A maioria dos foguetes é fabricada localmente e são modelos rudimentares. O grupo também está equipado com "drones, minas, artefatos explosivos improvisados, mísseis antitanque guiados por controle remoto, lançadores de granadas, morteiros", aponta Webber.

Segundo o IISS, as brigadas Ezzeldin al Qassam do Hamas consistem em 15.000 a 20.000 combatentes.

- Hezbollah -

O movimento pró-iraniano Hezbollah ainda não entrou formalmente no conflito, mas bombardeou na segunda-feira dois quartéis israelenses em resposta à morte de três de seus membros em bombardeios no sul do Líbano.

Após sua guerra com Israel em 2006, esta milícia xiita libanesa "começou a reorganizar seu jogo e a desenvolver e melhorar gradualmente suas capacidades militares", explica Eva Koulouriotis, analista independente, à AFP.

Koulouriotis menciona até 200.000 mísseis de vários alcances (Katiusha, Grad, Shahab, etc.), que se somam a baterias antiaéreas e drones, incluindo o iraniano Shahed 136 (usado pela Rússia na Ucrânia) e o Muhajer 4.

"A questão mais importante é quantos [mísseis] têm orientação precisa, mas [o número] deve ser significativo", avalia Fabien Hinz, especialista do IISS.

O Hezbollah é "maior" e "mais profissional" e está "melhor financiado, equipado e armado" do que o Hamas, insiste Lucas Webber. Em 2021, o grupo reivindicava 100.000 combatentes.

- O aliado americano -

Os Estados Unidos, aliados de Israel, não têm "nenhuma intenção de enviar tropas", segundo um porta-voz de seu Conselho de Segurança Nacional.

No entanto, Washington enviou munições e deslocou para o Mediterrâneo oriental seu porta-aviões USS Gerald Ford, o maior navio de guerra do mundo.

Isso visa mostrar aos grupos apoiados pelo Irã "o compromisso dos Estados Unidos", de acordo com um responsável militar.

"Em termos de números, há uma clara superioridade israelense e, com o apoio militar de Washington, pode parecer que o resultado da guerra está claro mesmo antes de começar", comenta Koulouriotis.

Mas isso não leva em conta as incertezas relacionadas à guerra urbana, a vantagem do Hamas no terreno e a rede de túneis na Faixa de Gaza.

- Três frentes? -

Uma aliança operacional entre o Hamas em Gaza, o Hezbollah na fronteira com o Líbano e eventualmente grupos palestinos na Cisjordânia ocupada representaria um desafio para Israel.

"O potencial para que os dois grupos trabalhem juntos é muito real", aponta a ONG International Crisis Group, que lembra que em 2021 um escritório de operações conjuntas permitiu ao "Hezbollah transmitir seu conhecimento estratégico" a seu aliado.

Outros grupos, como as Brigadas al-Quds, o braço militar da Jihad Islâmica palestina, também podem intervir. Mas o cenário catastrófico para Israel seria um conflito com várias frentes simultâneas.

O exército realizou manobras nesse sentido em junho e "se prepara para o pior cenário", que envolveria o Hezbollah, a Síria de Bashar al-Assad e os Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, diz Koulouriotis.


FONTE: Estado de Minas


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