Chefe do grupo Wagner estava na lista de passageiros de avião que caiu na Rússia
O chefe da milícia Wagner, Yevgueni Prigozhin, que em junho liderou uma rebelião contra o exército russo, consta na lista de passageiros de um avião que caiu perto de Moscou, noticiou a imprensa russa nesta quarta-feira (23).
"A lista de passageiros do avião que caiu na região de Tver inclui Yevgueni Prigozhin", informou o serviço da aeronáutica, Rosaviatsia, citado pelas agências de notícias TASS, Ria Novosti e Interfax.
Pouco antes, o ministério russo de Situações de Emergência tinha informado que na aeronave, que voava entre Moscou e São Petersburgo, viajavam dez pessoas, incluindo três tripulantes, e que, "segundo as primeiras informações, todas as pessoas a bordo morreram".
Segundo o Rosaviatsia, o avião privado Legacy, da fabricante brasileira Embraer, caiu perto da cidade de Kujenkino, na região de Tver, a noroeste de Moscou.
"O ministério russo de Situações de Emergência realiza as operações de busca" das vítimas do avião acidentado, afirmou.
Circulam pelo Telegram vídeos, cuja autenticidade não pôde ser confirmada pela AFP, em que aparecem um avião caindo e destroços de uma aeronave em chamas.
Segundo um encarregado dos serviços de emergência citado pela Ria Novosti, até agora foram encontrados os corpos de oito pessoas no local onde o avião caiu.
- Putin elogia soldados -
Enquanto as buscas prosseguiam, o presidente russo, Vladimir Putin, participava de uma cerimônia comemorativa da batalha de Kursk, durante a Segunda Guerra Mundial, na qual evitou fazer qualquer alusão ao acidente.
Em discurso nesta região, que faz fronteira com a Ucrânia, Putin elogiou, diante de soldados mobilizados na ofensiva no país vizinho, aqueles que "combatem com coragem e determinação".
"A devoção à pátria e a lealdade ao juramento militar unem todos os participantes da operação militar especial", disse, em alusão à ofensiva iniciada pelas tropas russas em fevereiro de 2022.
Putin havia chamado Prigozhin de "traidor" quando ele liderou, no fim de junho, uma rebelião dos mercenários do Wagner contra o estado-maior russo e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, tomando quartéis no sul da Rússia e iniciando uma marcha rumo a Moscou.
Mas o motim foi interrompido menos de 24 horas depois, após um acordo que previa a partida de Prigozhin para Belarus e que os milicianos do grupo Wagner se incorporassem ao exército regular russo.
A Casa Branca reagiu à notícia da queda da aeronave, informando que "não seria uma surpresa para ninguém" caso seja confirmado que o líder do grupo Wagner está entre as vítimas do avião acidentado.
O presidente Joe Biden foi informado sobre a queda da aeronave a noroeste de Moscou.
"Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas não estou surpreso" com a notícia da possível morte de Prigozhin, disse Biden, acrescentando que "não há muita coisa que aconteça na Rússia que (o presidente Vladimir) Putin não esteja por trás. Mas não sei o suficiente para saber a resposta".
O assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, deu como certa a morte do líder do Wagner.
"A eliminação espetacular de Prigozhin (...) é um sinal de Putin para as elites russas antes das eleições [russas] de 2024", afirmou na rede social X (antigo Twitter).
- Vídeo na África -
Na noite de segunda-feira (22), Prigozhin apareceu em um vídeo publicado por grupos próximos ao Wagner nas redes sociais, dizendo estar na África.
"Estamos trabalhando. A temperatura é superior aos 50 graus, como nós gostamos. O grupo Wagner realiza uma missão de reconhecimento, tornando a Rússia ainda maior em todos os continentes e a África, ainda mais livre", disse ele no vídeo, no qual apareceu em uma paisagem desértica.
Depois de a rebelião de junho ter sido abortada, parte dos milicianos do Wagner, muitos recrutados em prisões russas, participaram da formação das forças armadas de Belarus.
Na Ucrânia, os milicianos tiveram um papel estratégico na conquista da cidade de Bakhmut (leste), após uma das batalhas mais sangrentas do conflito.
FONTE: Estado de Minas