Chefe nuclear da ONU insta Irã a permitir trabalho de inspetores no país
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, instou o Irã nesta segunda-feira (18) a reconsiderar sua decisão de retirar a credencial de vários inspetores da agência da ONU e disse à AFP que a falta de cooperação terá sérias consequências.
A AIEA anunciou no sábado que o Irã havia retirado a credencial de vários inspetores, uma medida que Teerã descreveu como uma resposta à "politização" da AIEA, pela qual culpou os Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido.
"Devemos pedir que revisem essa decisão", disse Grossi em uma entrevista à AFP.
"Se eles não cooperarem com a AIEA, não obterão o que desejam: as garantias que desejam ver, a confirmação que desejam ver, a aprovação da comunidade internacional", acrescentou.
Grossi também alertou que a atividade militar tem aumentado ao redor da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, ocupada por forças russas desde março de 2022.
"As operações militares estão aumentando na região, meus inspetores me dizem que o nível de atividade militar é perceptível", comentou Grossi.
"Cada dia que passa sem um acidente nuclear é um bom dia para nós", afirmou.
Desde o início de junho, as tropas de Kiev lideraram uma contraofensiva na área próxima a Zaporizhzhia, no leste e sul do país, na tentativa de recuperar o território controlado pela Rússia desde o início da invasão em fevereiro de 2022.
Grossi afirmou que um ataque direto à usina ou a interrupção do fornecimento de eletricidade externa poderia causar um acidente nuclear com consequências radiológicas.
"Portanto, o que temos que fazer é garantir (...) que não haja uma degradação profunda da situação, como a vemos agora".
- 'Até agora tudo está bem' -
Quanto à recente viagem do líder norte-coreano Kim Jong Un à Rússia e suas reuniões com o presidente Vladimir Putin, Grossi expressou confiança de que Moscou não compartilharia tecnologia nuclear com Pyongyang.
A viagem de Kim pela região russa do Extremo Oriente alimentou os temores ocidentais de que o hermético país asiático, equipado com armamento nuclear, possa fornecer material bélico a Moscou para a invasão da Ucrânia.
"Pessoalmente, não tenho nenhuma indicação ou motivo para acreditar que reuniões desse tipo levem a riscos de proliferação", disse Grossi.
Por fim, Grossi prometeu que sua agência continuará monitorando o despejo de águas residuais da danificada usina nuclear de Fukushima no Japão, em meio a protestos da China.
"Estamos monitorando isso todos os dias. Até agora tudo está bem", disse Grossi.
Em 24 de agosto, o Japão começou a despejar no Oceano Pacífico água de resfriamento diluída de Fukushima, 12 anos após um tsunami danificar três de seus reatores, em um dos piores acidentes nucleares do mundo.
FONTE: Estado de Minas