Guatemala chega a terceiro dia de bloqueios contra perseguição eleitoral
Indígenas bloquearam estradas em várias regiões da Guatemala pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira (4), exigindo a renúncia da procuradora-geral, Consuelo Porras, a quem acusam de conspirar para evitar que o presidente eleito, Bernardo Arévalo, assuma o cargo sob a alegação de um suposto golpe de Estado.
A Direção Geral de Proteção e Segurança Viária do estado informou que os indígenas e camponeses mantiveram fechados pelo menos 21 trechos de estradas movimentadas, incluindo a Rodovia Interamericana, bem como as rotas que levam às fronteiras com o México, El Salvador e Honduras.
Além disso, eles bloquearam o acesso ao Porto de Quetzal, no oceano Pacífico, enquanto a polícia na Cidade da Guatemala cercou o perímetro do Aeroporto Internacional La Aurora, devido a rumores de que os manifestantes pretendiam ocupar suas instalações, de acordo com a Aeronáutica Civil.
Na quarta-feira, o site do Ministério Público (MP, Promotoria) foi "hackeado por pessoas inescrupulosas. Além disso, foi iniciada uma investigação para determinar as responsabilidades", informou a instituição em um comunicado à imprensa.
O governo do presidente de direita Alejandro Giammattei, que está deixando o cargo, declarou em comunicado nesta quarta-feira que reconhece o direito constitucional à manifestação pacífica, mas não permitirá que ela "atente contra a integridade, o direito à vida ou a livre circulação dos guatemaltecos".
Os bloqueios também "privam a população de direitos fundamentais, como o acesso à saúde", e se alguém perder a vida "ao ficar preso em pontos de bloqueio, as responsabilidades serão apuradas", destacou o comunicado.
Os bloqueios começaram na segunda-feira em protesto contra as buscas na sede do tribunal eleitoral para apreender as atas das eleições passadas, o pedido para retirar a imunidade dos magistrados desse órgão e a tentativa de cancelar o partido Semilla (Semente) de Arévalo, ações que causaram preocupação e rejeição internacional.
Arévalo venceu o segundo turno das eleições em 20 de agosto, derrotando a ex-primeira-dama Sandra Torres, próxima do governo e da poderosa elite empresarial aliada ao governo.
Além da renúncia de Consuelo Porras, os manifestantes também estão pedindo a renúncia do chefe da Promotoria contra a Impunidade, Rafael Curruchiche; da promotora Cinthia Monterroso; e do juiz do Sétimo Penal, Fredy Orellana, que mantêm uma perseguição judicial pós-eleitoral.
Todos estão incluídos em uma lista de "agentes corruptos" e antidemocráticos pelos Estados Unidos.
Os protestos e bloqueios foram convocados pelos prefeitos comunais dos 48 cantões do departamento de Totonicapán, a oeste da capital, mas outros setores também aderiram às manifestações.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), Estados Unidos, Espanha, União Europeia e organizações internacionais expressaram sua rejeição à perseguição penal, argumentando que ela ameaça a democracia e a governabilidade do país.
FONTE: Estado de Minas