Itália retém barco de resgate de migrantes por 20 dias, denuncia ONG
As autoridades italianas vão reter durante 20 dias o barco de resgate de migrantes "Aurora", após uma divergência sobre o porto de atracação, anunciou a ONG alemã Sea Watch, que opera o navio, nesta segunda-feira (21).
Depois de ter resgatado 72 migrantes no Mediterrâneo central, as autoridades italianas ordenaram ao "Aurora" que os levasse ao porto siciliano de Trapani, explicou a ONG.
No entanto, a Sea Watch respondeu que Trapani era "inacessível" porque o barco não tinha nem combustível, nem água suficientes, e pediu para atracar na ilha de Lampedusa, "quatro vezes mais perto", informou a organização, assegurando que as autoridades negaram o pedido, propondo inclusive que eles navegassem até a Tunísia.
A ONG, no entanto, acrescentou que "por causa da situação extrema a bordo" - uma pessoa perdeu a consciência -, o "Aurora" finalmente foi autorizado a atracar na tarde de sábado em Lampedusa.
Desde então, "o navio foi imobilizado por 20 dias, em consequência do decreto do governo italiano sobre salvamento marítimo, e a Sea Watch será condenada a pagar uma multa de entre 2.500 e 10.000 euros (entre R$ 13 mil e R$ 55 mil), anunciou a ONG em um comunicado, no qual exige que o barco seja liberado imediatamente.
A AFP entrou em contato com a guarda-costeira italiana, mas não obteve resposta.
Desde que chegou ao poder em outubro de 2022, o governo italiano liderado por Giorgia Meloni, de ultradireita, frequentemente dificulta as operações dos barcos humanitários.
Mais de 105.000 migrantes chegaram ao litoral italiano ao longo do ano, segundo o ministério do Interior, frente aos 51.000 que chegaram no mesmo período do ano passado.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde o início do ano, quase 2.000 pessoas morreram em sua tentativa de cruzar o mar Mediterrâneo central.
FONTE: Estado de Minas