Japão inicia nesta quinta despejo de água da usina de Fukushima
Os engenheiros da central nuclear acidentada de Fukushima darão início nesta quinta-feira (24) ao despejo da água residual acumulada na usina após ter sido tratada, em uma operação segura, segundo o Japão, mas que gerou indignação na China.
A descarga do equivalente a mais de 500 piscinas olímpicas de água no Pacífico é um passo importante para garantir a segurança da central, ainda muito perigosa, 12 anos após um dos piores acidentes nucleares da História.
O governo japonês havia anunciado nesta semana o início do despejo para esta quinta-feira, caso as condições meteorológicas e marítimas permitissem. A Tepco, operadora da central, anunciou que as bombas de transferência de água seriam ligadas às 13h locais.
Funcionários da agência de energia nuclear da ONU, que aprovou o plano, irão fiscalizar o processo. Operadores da Tepco irão colher amostras da água e dos peixes no local do derramamento.
- Risco baixo -
Naquele que foi um dos piores desastres radioativos da História, a usina nuclear de Fukushima-Daiichi foi destruída por um terremoto seguido por um tsunami que matou quase 18.000 pessoas em março de 2011.
Desde então, a operadora Tepco acumulou mais de 1,3 milhão de toneladas (equivalente à capacidade de 500 piscinas olímpicas) de água usada para resfriar os reatores ainda radioativos, misturada com água subterrânea e de chuva que se infiltrou.
A Tepco afirma que a água foi diluída e filtrada para eliminar todas as substâncias radioativas, exceto o trítio, que está em níveis muito inferiores ao que é considerado perigoso.
O plano prevê despejar a água a uma taxa máxima de 500 mil litros por dia no Oceano Pacífico, ao longo da costa nordeste do Japão.
A maioria dos especialistas e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU apoiam esse argumento. "Quando for liberado no Pacífico, o trítio irá se dissolver em uma vasta massa de água e atingirá rapidamente um nível de radioatividade que não difere da água do mar", explicou Tom Scott, da Universidade britânica de Bristol. "Representa, portanto, um risco muito pequeno, e que se reduz com o tempo", uma vez que o nível de trítio diminui continuamente, acrescentou.
- Restrições ao sushi -
Mas nem todos concordam. O grupo ambientalista Greenpeace afirmou que o processo de tratamento da água é falho, e a China e a Rússia sugerem que a água pode evaporar e atingir a atmosfera.
A China acusou o Japão de tratar o Pacífico como "esgoto" e proibiu a importação de alimentos de 10 das 47 províncias japonesas, além de impor controles de radiação nas restantes. Hong Kong e Macau, ambos territórios chineses semiautônomos, fizeram o mesmo nesta semana.
Os restaurantes de sushi em Pequim e Hong Kong já sofrem com as restrições. "Cerca de 80% dos frutos do mar que usamos vêm do Japão", disse à AFP Jasy Choi, que dirige em Hong Kong um pequeno restaurante de comida japonesa para viagem. "Se mais da metade dos meus ingredientes importados do Japão forem afetados, será difícil continuar funcionando", lamentou o chef, de 36 anos.
Analistas apontam que a China, embora possa ter preocupações genuínas com a segurança, também pode estar sendo motivada por sua rivalidade econômica e sua relação complicada com Tóquio.
O governo sul-coreano, que está reforçando os laços com o Japão, por sua vez, não apresentou objeções, apesar da preocupação e dos protestos de alguns cidadãos.
FONTE: Estado de Minas