Manifestantes anti-israelenses invadem aeroporto na república russa do Daguestão
Dezenas de manifestantes invadiram, neste domingo (29), o aeroporto de Makhachkala, capital da república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, em busca de judeus e israelenses, depois de boatos sobre a chegada de um voo procedente de Israel.
O episódio coincide com a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas no Oriente Médio. Após o ocorrido, Israel urgiu as autoridades russas a "proteger" seis cidadãos.
Sergei Melikov, governador do Daguestão, no extremo sudoeste da Rússia, prometeu punir os responsáveis pelo incidente. O Ministério da Saúde reportou, por sua vez, que várias pessoas ficaram feridas, sem dar mais detalhes.
Dezenas de manifestantes, muitos dos quais gritavam "Allahu Akbar" (Deus é grande, em árabe), forçaram as entradas do aeroporto desta cidade do Cáucaso e invadiram a pista, reportaram os veículos russos Izvestia e RT.
Vídeos no Telegram também mostram um grupo de pessoas tentando controlar os veículos que deixavam o local ou tentando derrubar portas enquanto funcionários tentavam dissuadi-los. A AFP não pôde confirmar a veracidade das imagens.
Os distúrbios levaram o controlador aéreo russo, Rosaviatsia, a suspender todos os voos com origem e destino neste terminal.
"Após a invasão de indivíduos não identificados na área de tráfego, decidiu-se fechar temporariamente o aeroporto para pousos e decolagens", informou a entidade, acrescentando que forças de segurança foram enviadas para o local.
O aeroporto permanecerá fechado até 6 de novembro, segundo o Rosaviatsia.
Um comunicado do governo da República russa do Daguestão tinha informado pouco antes que a situação estava "sob controle" e que a polícia estava no local.
Em um dos vídeos, um dos manifestantes aparecia exibindo um cartaz que dizia "os assassinos de crianças não têm lugar no Daguestão".
A guerra entre Israel e Hamas explodiu após um ataque inédito do movimento islamista palestino contra o território israelense, em 7 de outubro, que deixou mais de 1.400 mortos, a maioria civis.
Em represália, o exército israelense bombardeia de forma incessante a Faixa de Gaza. O Ministério de Saúde do território, controlado pelo Hamas desde 2007, informou que mais de 8.000 palestinos morreram até agora nestes bombardeios, metade deles crianças.
- Pedidos de calma -
"Israel espera que as autoridades russas protejam todos os cidadãos israelenses e todos os judeus, e que ajam com decisão contra agitadores e a incitação à violência contra judeus e israelenses", informou um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Horas antes do incidente, Akhmed Dudayev, ministro da Informação da Chechênia, república russa vizinha ao Daguestão, advertiu pelo Telegram contra as "provocações" e fez um apelo à calma diante do aumento das tensões no Cáucaso.
As autoridades do Daguestão urgiram os manifestantes a encerrarem suas "ações ilegais" e à noite informaram que as forças de segurança tinham retomado o "controle" da situação.
Por meio de nota, acrescentaram que não era fácil "permanecer impassíveis diante de um massacre desumano de uma população civil: o povo palestino", mas que era necessário "não sucumbir às provocações de grupos destrutivos e não criar pânico na sociedade".
Segundo o site Flightradar, um voo da companhia Red Wings procedente de Tel Aviv havia pousado em Makhachkala às 19h locais (13h de Brasília).
Segundo o veículo russo independente Sota, tratava-se de um voo em trânsito, que devia decolar novamente rumo a Moscou duas horas depois.
A Chechênia e o Daguestão são duas repúblicas instáveis do Cáucaso russo, ambas com população majoritariamente muçulmana.
A agência de notícias RIA Novosti reportou, neste domingo, que um centro judaico em outra república do Cáucaso Norte, Kabardia-Balkaria, foi incendiado na cidade de Nalchik.
FONTE: Estado de Minas