Oposição iraniana segue divida um ano após a morte de Mahsa Amini

12 set 2023
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Historicamente dividida desde a Revolução Islâmica de 1979, a oposição iraniana no exílio tentou se unir em meio aos protestos pela morte de Mahsa Amini há um ano, mas enfrenta dificuldades para superar as divergências.

A jovem curda-iraniana morreu em 16 de setembro após ser presa por não respeitar o rígido código de vestimenta para mulheres. As manifestações inéditas criaram um novo impulso para unir os opositores exilados.

Em fevereiro, Reza Pahlavi, filho do último xá do Irã deposto pelo aiatolá Khomenei em 1979, se aproximou de outras figuras da oposição para criar a Aliança para a Democracia e Liberdade no Irã (ADFI), uma coalizão que publicou a "Carta Mahsa", rota de fuga para uma transição para uma democracia laica no Irã.

A coalizão conta especialmente com a Nobel da Paz Shirine Ebadi, a militante Masih Alinejad, o curdo iraniano Abdullah Mohtadi e o militante Hamed Esmaeilion, cuja mulher e filha morreram no avião ucraniano derrubado no Irã em 2020.

Porém Esmaeilion, organizador de várias manifestações no Ocidente de apoio ao movimento "Mulher, vida, liberdade", anunciou um mês depois que deixava a ADFI, denunciando "métodos não democráticos" de Reza Pahlavi.

Foi rapidamente seguido por outras pessoas do grupo. Um ano após a morte de Mahsa Amini, as esperanças de união ruíram.

- Divisões antigas -

Para Arash Azizi, professor da Universidade de Clemson (EUA), Reza Pahlavi tentou em vão reconciliar nacionalistas e partidários de centro-esquerda como Masih Alinejad e Hamed Esmaeilion.

"Isto mostra um problema enfrentado há tempos. Pahlavi defende uma estratégia liberal e inclusiva, sua base e partidários adotaram uma estratégia agressiva e chauvinista", afirma a AFP.

A diáspora iraniana em geral desconfia de Reza Pahlavi, que, embora reitere que não busca restaurar a monarquia no Irã, nunca se distanciou do reino autoritário de seu pai. Também é questionado por sua hostilidade a qualquer tipo de descentralização a favor das minorias étnicas não persas.

"As antigas divisões, esquerda contra direita, monarquistas contra republicanos, se aprofundaram" desde a formação da Aliança, segundo a atriz e militante Nazanin Boniadi, radicada no Reino Unido.

"No fim das contas, a oposição se mostrou ainda mais agressiva que o regime. Enquanto o regime continuar unido e nós divididos, seguirá no poder", escreveu em um artigo no site IranWire.

Outro grupo imprescindível e polêmico da oposição iraniana, a Organização dos Mujahdines do Povo Iraniano (MEK, em sua sigla em inglês), detratores de Pahlavi, são rejeitados pela diáspora por seu alinhamento com o governo iraquiano durante a guerra Irã-Iraque (1980-1988).

Com a proximidade de 16 de setembro, Reza Pahlavi, que vive nos Estados Unidos, reiterou sua disposição para a união e convocou novas manifestações.

Em entrevista ao jornal francês 'Politique internationale', reiterou que seu objetivo é "unir os iranianos em torno de ideias democráticas e laicas".


FONTE: Estado de Minas


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