Personalidades denunciam ‘assédio’ contra Nobel da Paz Muhammad Yunus
Mais de 160 personalidades mundiais, incluindo Barack Obama e o vocalista da banda U2, Bono Vox, publicaram, nesta segunda-feira (28), uma carta denunciando "as ameaças contra a democracia" em Bangladesh antes das eleições presidenciais, sobretudo contra o ganhador do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus.
Os signatários afirmam temer pela "segurança e a liberdade" de Yunus, que recebeu o Nobel da Paz em 2006 por seu trabalho em favor do desenvolvimento econômico.
O economista de 83 anos foi reconhecido por ter ajudado a tirar milhões de pessoas da pobreza extrema em Bangladesh, propondo microcréditos em áreas rurais através do Grameen Bank, banco fundado em 1983. Entretanto, a primeira-ministra, Sheikh Hasina, o acusou de "sugar o sangue" dos pobres.
Com a proximidade das eleições nacionais antes do final de janeiro, organizações defensoras dos direitos humanos e governos internacionais manifestaram sua preocupação sobre os procedimentos do governo de Hasina para tentar silenciar as críticas e frustrar as ações de dissidência.
"Estamos profundamente preocupados pelas ameaças que observamos contra a democracia e os direitos humanos", diz a carta, que surge na sequência de um apelo lançado por 40 líderes em março.
"Acreditamos que é de maior importância que as próximas eleições nacionais sejam livres e justas", afirmaram os signatários, que incluem mais de 100 ganhadores dos Prêmio Nobel da Paz, a ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton, o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon e o presidente do Timor-Leste, e também ganhador da honraria, José Ramos-Horta.
De acordo com seu advogado, Abdullah Al-Mamun, Yunus é alvo de "pelo menos 200 investigações civis e penais por conflitos de trabalho", muitas delas relacionadas às empresas sem fins lucrativos que dirige.
Nem o economista, nem o governo de Bangladesh fizeram comentários sobre o caso.
"Desejamos sinceramente que [Yunus] possa continuar com seu trabalho inovador sem ser perseguido ou acusado", afirmaram os signatários na carta.
FONTE: Estado de Minas