Testada com sucesso primeira turbina de gás alimentada com hidrogênio
Uma turbina a gás alimentada exclusivamente com hidrogênio foi testada com sucesso, pela primeira vez, abrindo caminho para a descarbonização de locais como fábricas de cimento, grandes consumidores de energia, anunciou o consórcio responsável pelo projeto, nesta quarta-feira (11).
"Acabamos de conseguir um marco mundial ao injetar 100% de hidrogênio em uma turbina a gás para produzir eletricidade", celebrou o vice-diretor geral da companhia francesa Engie, Frank Lacroix, em conversa com a imprensa.
Esta empresa faz parte do consórcio Hyflexpower junto com a alemã Siemens Energy, a britânica Centrax e várias universidades europeias.
O experimento foi realizado em uma fábrica de papel perto de Limoges (centro da França) e demonstra, segundo seus promotores, que "o hidrogênio pode servir como um meio flexível de armazenamento de eletricidade", assim como as baterias, o que abre perspectivas para a rápida descarbonização de sítio industriais que sejam altos emissores de CO2.
"Agora já somos capazes de aproveitar a superprodução de energia renovável elétrica (na forma de hidrogênio), armazená-la em um local e utilizá-la na forma de eletricidade na indústria", explica Lacroix.
O hidrogênio foi produzido por um eletrolisador instalado em uma unidade do fabricante de embalagens de papel Smurfit Kappa e, depois, armazenado em um depósito antes de alimentar a turbina.
O experimento aconteceu com um modelo de turbina a gás Siemens Energy SGT-400, cujo sistema de combustão foi adaptado para hidrogênio, uma manobra parecida com a troca de combustível no motor de um automóvel, acrescentou.
Diferentemente do gás, o hidrogênio tem uma chama "mais rápida" e "mais quente", e o controle de segurança também é mais delicado.
Foi preciso superar problemas relacionados com a resistência dos materiais e com o revestimento da câmara de combustão, além de "ajustes específicos" para controlar a combustão, segundo Lacroix.
"A vantagem no longo prazo é poder converter parques de turbinas existentes, mediante modificações simples", afirmou o diretor do projeto Hyflexpower na Engie Solutions, Gaël Carayon.
Os primeiros alvos são as cimenteiras, siderúrgicas e refinarias e, em geral, "indústrias, cuja descarbonização é complexa", segundo Engie.
"O próximo passo será produzir não apenas eletricidade, mas também calor", antecipou Lacroix.
Mais à frente, os grandes meios de transporte intercontinentais - a aviação e o transporte marítimo - também poderão se beneficiar dessa tecnologia.
FONTE: Estado de Minas