Abdalmasih H., um refugiado sírio errante que sucumbiu à violência
Abdalmasih H. fugiu da guerra civil em sua Síria natal em 2011 para a Suécia e, desde outubro, para a França, onde este refugiado cristão e pai de uma menina esfaqueou seis pessoas, incluindo quatro crianças pequenas, por razões desconhecidas.
Desde o ataque sangrento na quinta-feira (8) em um parque às margens do Lago Annecy (leste), todos os olhos estão voltados para este homem, nascido em 1991 e que não tem antecedentes criminais, ou um histórico de problemas psiquiátricos conhecidos.
O homem não deu explicações desde a sua detenção e inclusive "rola no chão", segundo uma fonte próxima à investigação. Após exame psiquiátrico, seu estado foi considerado "compatível com a custódia policial" que se prolongou nesta sexta-feira (9).
Mas, o que se sabe sobre o agressor?
Abdalmasih H. cumpriu serviço militar obrigatório na Síria antes de fugir do país, em 2011, por causa da guerra civil. Depois de passar por Turquia e Grécia, chegou à Suécia, disse à AFP sua mãe, que mora nos Estados Unidos há uma década.
O agressor é cristão, tem uma filha de três anos e se divorciou em 2022 após vários anos de convivência familiar na Suécia. Sua ex-esposa é uma refugiada síria que, ao contrário dele, conseguiu obter a nacionalidade sueca.
"Nos conhecemos na Turquia e nos apaixonamos. Dois anos depois nos casamos, mas ele não conseguiu a nacionalidade sueca, então decidiu deixar o país. Nos separamos, porque eu não queria deixar a Suécia", disse ela à AFP.
De acordo com as autoridades francesas, Abdalmasih H. obteve o "status" de refugiado na Suécia em 2013 e poderia viajar legalmente para a França. Desde 2017, tentou em vão obter a nacionalidade sueca, segundo o gabinete de imigração do país escandinavo.
- "Depressão profunda" -
O homem entrou com pedidos de asilo na Suíça, Itália e França, onde seu pedido foi recentemente rejeitado, porque ele já tinha proteção na Suécia, disse o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, à TF1 na quinta-feira.
Durante uma das poucas conversas com sua ex-esposa desde sua partida, Abdalmasih H. contou a ela, há quatro meses, que morava "em uma igreja" na França. Em Annecy, o homem não tinha oficialmente um lar.
Segundo o diretor-geral do Escritório Francês de Imigração e Integração (OFII, na sigla em francês), Didier Leschi, ele recebia um subsídio como solicitante de asilo, mas, por falta de vaga, "nunca teve acomodação no âmbito do sistema nacional de acolhimento".
Um funcionário do Lago Annecy disse ao jornal Le Dauphiné libéré que o via em um banco "todos os dias, da manhã à noite, faça chuva ou faça sol", durante cerca de dois meses, resmungando consigo mesmo e sem demonstrar agressividade.
Segundo sua mãe, ele sofria de "depressão profunda" e a não obtenção do passaporte sueco agravou seu estado. "Minha nora me contou", afirmou, em conversa com a AFP. "Ela disse que ele nunca esteve bem, que estava sempre deprimido", relatou.
"Ele não queria sair de casa, não queria trabalhar", acrescentou a mulher, para quem a rejeição da nacionalidade, a princípio por ter feito parte do exército sírio, "talvez o tenha enlouquecido".
No momento da tragédia, o homem não estava sob efeito de drogas, ou de álcool, segundo a promotora de Annecy, Line Bonnet-Mathis. Ela também descartou uma "aparente" motivação terrorista, mas não a hipótese de um ato de loucura.
FONTE: Estado de Minas